Carlos Meira, ex-presidente da concelhia de Viana do Castelo do CDS e candidato à câmara municipal nas eleições autárquicas de 2013, dirigiu-se este sábado à noite, de forma muito crítica, à líder Assunção Cristas e ao presidente da distrital do Alto Minho, Vitor Mendes, numa intervenção durante o 27.º congresso do partido, que decorre até este domingo, em Lamego, concelho de Viseu.
O congressista, que se apresentou como neto de um deputado da União Nacional, subiu ao palco e logo mostrou ao que ia.
“Sei que estavam à espera de um congresso perfeito, mas não o vai ser”, começou por dizer. “Não o vai ser porque eu vou falar sobre a minha terra, que é Viana do Castelo”.
Em cerca de três minutos de discurso, divulgado em vídeo pelo jornal digital “Observador”, Carlos Meira atacou o status quo do partido.
“Há uma coisa que os nossos deputados e os nossos dirigentes nacionais tem de perceber: o partido não é deles. O partido é nosso. É das bases. E as pessoas, hoje, estão com medo de dizer o que se passa nas concelhias e nas distritais”, afirmou.
Por “não ter medo” de dizer o que se passa na sua “terra”, Carlos Meira criticou diretamente o presidente da Câmara de Ponte de Lima, Vitor Mendes, que é também presidente da distrital do CDS de Viana do Castelo.
“Temos na nossa distrital um presidente que é o senhor Vitor Mendes, que é presidente da Câmara de Ponte de Lima, que saiu [do congresso] precisamente às quatro da tarde [de sábado], porque já tinha a mesa e os seus nomes colocados no Conselho Nacional. É este o respeito que esta gente tem pelo CDS-PP”, atirou.
E o discurso contra o autarca limiano subiu de tom: “Daniel Campelo disse-me, esta semana, as seguintes palavras: “o meu maior arrependimento é ter colocado Vitor Mendes como presidente da Câmara de Ponte de Lima“. [Daniel Campelo] não tem medo de o dizer porque esse senhor [Vitor Mendes] nunca foi do CDS”.
O ex-presidente do CDS de Viana do Castelo prosseguiu, virando-se então para Assunção Cristas, “olhos nos olhos”, para criticar “a falta de respeito” da líder para com a sua concelhia.
“Em dois anos e meio, passou apenas 30-40 minutos na nossa terra, na tomada de posse, e por favor”, acusou, pedindo à presidente do CDS que “respeite mais o distrito”.
A dado momento da intervenção, o presidente da mesa do Congresso ainda tentou intervir, mas Carlos Meira disse que tinha esperado “o dia todo para falar”.
Apesar das críticas, o congressista declarou que a líder do partido pode contar com Viana do Castelo.
“Apesar de tudo, gosto de si. Mas é preciso ir às terras, criar relação”, afirmou, antes de continuar a fazer uma análise crítica à situação do partido no distrito.
“Quantas concelhias temos a funcionar no distrito, neste momento? Duas ou três”, atirou. “Somos dez concelhos. O distrito está a morrer!“, disse.
Finalmente, Meira criticou a falta de apoio durante a campanha para as eleições autárquicas de 2017, em Viana do Castelo.
“[Nas últimas autárquicas] nós podíamos ter metido um vereador. Mas a senhora deputada [Assunção Cristas] nunca tinha tempo, porque era sempre Lisboa, Lisboa, Lisboa… [concelho onde a líder do partido foi candidata à câmara]”, acusou.
Nas eleições autárquicas em que foi candidato, em 2013, Carlos Meira conquistou 1.991 votos (4,28%) para o CDS, não tendo sido eleito vereador. José Maria Costa venceu esse ato eleitoral com maioria absoluta, elegendo 5 vereadores, contra os 3 do PSD e um da CDU.