A refuncionalização de equipamentos e a criação de respostas para idosos são desafios que se colocam ao Alto Minho face à previsão de “decréscimo acentuado” de população residente naquele território até 2040, indica um estudo a apresentar na sexta-feira.
De acordo com o estudo “Alto Minho: Horizonte 2040 – Prospetiva Demográfica e Social (Que presente para o futuro?), a que a agência Lusa teve hoje acesso, os equipamentos existentes naquele território “estão sobredimensionados para que possam ser sustentáveis no atual contexto de decréscimo populacional e, por outro lado, o aumento da população idosa obriga ao desenvolvimento de respostas sociais mais condizentes com as necessidades dessas pessoas”.
O estudo, realizado por investigadores do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade do Minho (UM), em colaboração com os dez municípios do distrito de Viana do Castelo, agrupados na Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho “as projeções demográficas mantêm a tendência de decréscimo da população residente” naquele território.
“No horizonte do estudo, 2040, ficam abaixo dos 211 mil residentes, significando uma perda de mais de 25 mil pessoas em apenas 25 anos – 2015-2040 (INE, 2013)”.
“Por grupos etários, realça-se o facto de a população residente com mais de 65 anos ter baixado nos anos mais recentes, estimando-se um aumento nos próximos 4/5 anos, mas mantendo-se, no global, um decréscimo da população neste grupo etário”, sustenta a investigação.
De acordo com o estudo, “as projeções da população residente têm como consequência uma nova composição da estrutura etária, esperando-se um aumento significativo do peso da população mais idosa para os próximos 25 anos e uma redução nas restantes faixas etárias, com realce para a faixa de idade entre os 25-64 anos”.
O estudo foi iniciado em 2014 com um inquérito aos 308 municípios portugueses” sobre medidas adotadas e a adotar para enfrentar a redução da natalidade, com um nível de participação acima dos 65%”.
Já em 2015 e 2016 o trabalho foi “consolidado” com um inquérito por questionário à população do Alto Minho sobre a fecundidade, no âmbito de uma parceria entre o Departamento de Sociologia da Universidade do Minho, os dez municípios da CIM do Alto Minho”.
O inquérito incidiu numa amostra representativa de homens – entre os 15 e os 54 anos – e mulheres – entre os 15 e os 49 anos, que resultou num total de 1.601 respostas validadas.
O estudo pretendeu, “numa primeira fase, traçar o diagnóstico/contexto do estado da arte (da realidade demográfica) no mundo, na Europa, em Portugal e no Alto Minho e, numa segunda fase, ouvir o que os responsáveis municipais de todo o país têm feito, estão a fazer e pretendem fazer para enfrentar a redução da natalidade, tendo por fim, auscultado as pessoas, neste caso do Alto Minho”.
“Olhando para o cenário local mas com a atenção necessária sobre a perspetiva global, parece-nos fácil concluir que no plano nacional em geral e, no âmbito do Alto Minho, em particular, é espontâneo perceber que os estilos de vida, os hábitos, as tendências e as expectativas de vida tendem para uma difícil situação social, sem dúvida menorizada pelas ações políticas nacionais e locais mas, ainda assim, insuficientes para um futuro próspero na região no que à demografia diz respeito. A curva descendente dos índices de fecundidade, em Portugal como no Alto Minho, continuará a seguir o seu caminho até ao limite mínimo”, sublinha a investigação.
O estudo vai ser apresentado, numa sessão pública, na sexta-feira, às 14:15 nas instalações da CIM Alto Minho de Ponte de Lima, com a presença dos autores Albertino Gonçalves, diretor do Departamento de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da UM, Fernando Cabodeira, investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade e José Cunha Machado, orientador científico do estudo e professor de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da UM.