Começou esta terça-feira o julgamento do jovem João Real, preso desde fevereiro por planear um atentado contra a Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa. O acusado disse que comprou as armas que, segundo ele “pareciam fixes”, no site OLX e numa loja de caça.
Em tribunal, o estudante disse que estava deprimido depois de ter tido covid-19 e queria chamar a atenção da comunidade. João Real também admitiu que teve a ideia através de um vídeo jogo, mas que começou a pensar nisso em 2018 através de vídeos de tiroteios em escolas.
“Talvez fosse esse o número de pessoas que queria atingir. Queria depois do ataque cometer um suicídio. Queria esfaquear-me na barriga. Foi inspirado num vídeo jogo”, disse, segundo jornais como Expresso e JN.
“Começou em 2018, depois de ter visto vídeos sobre um assassínio em massa, e continuei a ver mais vídeos desses. Estava fascinado com esses vídeos de assassinatos. Queria saber mais sobre essas pessoas. O interesse ia aumentando e contactei com pessoas através das redes sociais. Não pretendia atingir ninguém em especial”.
O acusado também disse que a rejeição de uma mulher fez crescer a depressão. João Real explicou que conheceu a rapariga na internet em 2018 e encontraram-se em 2021, teve atração, mas depois de ser apresentado aos pais não viram-se mais.
O jovem estudante também explicou que chegou a falar sobre os seus planos com outras pessoas na internet.
João contou ainda que gastou cerca de 400 euros em armas através do OLX e uma loja de caça, para além de produtos para fazer “cocktails molotov”. O jovem disse que não sabia muito bem como iria utilizar tudo isto, mas que “pareciam fixes” por uma questão estética.
No entanto, disse que nada disso chegou a sair do apartamento, e sabia que legalmente não poderia comprar as armas.
João tinha tudo escrito, pois não pensava sobreviver ao ataque e queria que as autoridades soubessem o que tinha planeado. O jovem queria levar tudo para o banheiro da universidade e fazer o ataque durante cinco minutos, que seria o tempo para a polícia chegar, conforme deduziu através do video jogo que o inspirou.
O estudante admitiu que o que planeava era errado, mas que nunca chegou a pedir ajuda psicológica. João também admitiu que chegou a adiar o ataque pelo menos quatro vezes, sendo que a data final era dia 11 de fevereiro, e acabou por ser preso pela equipa de contra-terrorismo da Polícia Judiciária no dia 10.
João disse que não avançou com estas datas porque não queria, pois acha que não conseguiria e não teria coragem para matar uma pessoa.
O jovem, que ainda vai ser ouvido outras vezes, disse que agora está bem, e com o acompanhamento médico do Hospital-Prisão de Caixas, não está mais deprimido e não pensa mais em ataques.
A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT), impediu o ataque terrorista direcionado à comunidade académica da Universidade de Lisboa.
Face à gravidade das suspeitas, foi atribuída a máxima prioridade à investigação, a qual permitiu interromper a atividade criminosa em curso.
Na sequência das buscas realizadas, foram apreendidos vastos elementos de prova, que confirmaram as suspeitas iniciais, revela a PJ.
Para além de várias armas proibidas, foram igualmente apreendidos outros artigos suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos, vasta documentação, isto, para além do plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear.