Declarações dos treinadores após o jogo SCe Braga – Sporting (3-3), da primeira jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Braga:
Artur Jorge (treinador do SC Braga): “A justiça pouco merece ser avaliada aqui: o resultado dita uma igualdade. As duas equipas procuraram ganhar. Estou satisfeito pela forma como os jogadores se comportaram. Houve uma demonstração muito forte de caráter e de ambição. Não é fácil estar em desvantagem e dar uma resposta positiva. No final, tivemos oportunidades para passar para a frente. Fica o bom desempenho da equipa, pela atitude para somar um ponto, que é o possível neste momento.
Identifico-me muito com o que hoje vi. Fomos muito competitivos, mas também tivemos momentos menos competentes. Isto faz parte do processo de crescimento e de evolução da equipa. Tivemos pela frente um adversário de grande valia. O mais importante é termos uma identidade de ambição, de procurar jogar em todos os jogos para ganhar e de, mesmo em desvantagem, lutar até ao fim.
Estou satisfeito com a prestação da equipa, mas quero mais. Fizemos tudo para ganhar o jogo. Temos jogadores com a mesma ambição do que eu, que trabalham nos mesmos padrões de exigência. Temos mais um ponto do que aquele com que iniciámos a temporada.
É prematuro definir metas que possam ditar classificações no final da temporada. Vamos procurar sempre jogar com qualidade, visando sempre o resultado que é ganhar. Tenho de fazer o meu trabalho e de exigir aos meus jogadores que trabalhem para ganhar. Na minha forma de trabalhar, toda a gente tem de estar comprometida com os objetivos do Sporting de Braga.
O Ricardo [Horta], em todos os jogos, assume o papel de capitão, ao cumprimentar os adeptos no final do jogo. Foi um gesto normal, de agradecer ao público. Os adeptos que estiveram cá hoje sentiram e vibraram connosco. Espero que estejam satisfeitos com a atitude da equipa, mesmo que não inteiramente com o resultado.
Lamento naturalmente que um adepto se tenha magoado nas bancadas. Hoje demos um grande espetáculo, com dois treinadores e duas equipas a quererem ganhar. Deveríamos falar disso, mas essas situações na bancada não devem nunca acontecer”.
Rúben Amorim (treinador do Sporting): “É muito óbvio [que algo falhou] depois de um jogo em que tivemos três vezes em vantagem. Sofremos golo numa altura em que não podíamos sofrer. Tivemos vários problemas nas ‘segundas bolas’. Somos fortes a guardar vantagens, principalmente no fim, e não tivemos isso. Viram-se duas formas de jogar diferentes. O [Sporting de] Braga empurrou-nos para lançamentos e ‘segundas bolas’ em jogo direto. Apesar de estarmos avisados, foi difícil lidarmos com esse jogo. Aconteceram golos como o segundo, num livre de meio-campo, quando no ano passado não sofremos um golo de bola parada. Perdemos dois pontos na primeira jornada, o que nos dá o sentimento de precisar de aumentar o rendimento.
A marca da nossa equipa sempre foi a de defender bem. No ano passado, sofremos dois golos [na penúltima jornada] com o Portimonense e falhámos o estatuto de melhor defesa [do campeonato] pelo segundo ano consecutivo. Sofrer estes golos nos minutos em que aconteceram é um alerta para todos nós. Temos de melhorar em todos os aspetos do jogo, mas temos de voltar ao nosso normal. O Braga tem o seu mérito, mas há algum demérito nosso.
Não podemos sofrer três golos num jogo em que estamos em vantagem. Cada vez mais olho só para a nossa equipa e para preparar cada jogo. Interessam os três pontos. Hoje não conseguimos, porque sofremos três golos. Mais do que isso, estivemos em vantagem três vezes. Se os outros marcam mais golos, isso também pode depender das características dos jogos e das equipas.
Todos os jogos são importantes. Não interessa muito o início. Já tivemos tempo de trabalho. Hoje tivemos oportunidades para dilatar a vantagem e não aconteceu. Não interessa a terceira jornada. Apenas a segunda. Mesmo não estando no máximo, poderíamos claramente ter ganhado o jogo. Temos muitas coisas para analisar e para melhorar. O campeonato vai ser longo e temos de ganhar o próximo jogo, e só o próximo jogo.
Nunca mudei a minha atitude como treinador. Vou tendo jogadores diferentes, e as equipas evoluem. Temos sempre a nossa identidade. Sempre fomos defensores do bom futebol. Às vezes, o defender bem é sermos mais pressionantes na frente, ganhar segundas bolas.
A equipa pareceu um pouco cansada no fim. Isso não é responsabilidade da equipa. É responsabilidade do treinador. Já houve jogos em que estávamos a jogar bem e os resultados não aconteciam. Não sabia o que tinha de fazer para melhorar a equipa. Saio deste jogo e sei claramente o que fazer no nosso treino. O patamar do Sporting está muito elevado. Temos de ganhar todos os jogos. Não segurámos o resultado no final, como aconteceu tantas vezes no passado, principalmente no primeiro ano. Faltou-nos a ‘estrelinha’. Estamos frustrados com o empate, mas temos muito para ganhar”.