Declarações no final do encontro Marítimo-Famalicão (3-3), da 34.ª e última jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado hoje no Estádio do Marítimo, no Funchal:
João Pedro Sousa (treinador do Famalicão): “Dar os parabéns aos jogadores do Famalicão pelo jogo, mas, essencialmente, pela época que fizeram. Dar os parabéns ao clube pela época que fez, pelo projeto que tem. Projeto único e inovador em Portugal, de homens de coragem para gente de coragem.
Infelizmente, o jogo de hoje foi muito ingrato, principalmente para os jogadores, que não mereciam este resultado. Isto não mexe em nada do que foi a nossa época, do brilhantismo que puseram dentro do campo todos os dias. Eles mereciam fazer história em cima da história. Estou muito triste por eles, pelos nossos adeptos, pela nossa cidade.
Não fomos suficientemente fortes para um lançamento lateral, um livre que bate na barreira e entra, outra bola parada no segundo golo. Infelizmente, o futebol é assim. Hoje, tenho a certeza de que tenho jogadores ainda melhores dentro do balneário.
Nunca utilizei esta palavra, mas, hoje, confesso que faltou um bocadinho de felicidade neste jogo. Penso que fomos superiores no jogo, mas não fomos no resultado. Tentámos jogar com as nossas armas até ao fim, mas tivemos também um adversário forte.
Estávamos nos últimos lances do encontro. Claro que, como treinador, tenho que salvaguardar todas as situações. Ajustámos tudo outra vez, as posições alteraram-se, no momento em que fizemos o golo que nos daria a vitória, mas nem sequer tivemos tempo para respirar um bocadinho e para gerir o jogo”.
José Gomes (treinador do Marítimo): “Pela forma como nos batemos hoje, contra uma excelente equipa, muitíssimo bem orientada, é prova de que, com os níveis de concentração mais altos e com um espírito diferente se calhar desde o início, as coisas poderiam ter sido diferentes e, neste momento, estaríamos a lutar, com equipas como o Rio Ave, o Famalicão e o Vitória de Guimarães, nesta parte final do campeonato.
Acho que as coisas foram crescendo, com uma tomada de consciência do que devem ser as aspirações do Marítimo, e acabámos bem o campeonato, com uma média de pontos que, se fosse alargada a todo o campeonato, estaríamos em lugares europeus. Os meus jogadores estão de parabéns pela forma como entraram nesta retoma com este espírito.
Estamos a representar o Marítimo e a grandeza do Marítimo obriga-nos, independentemente do que está em causa, neste caso três ou quatro lugares de diferença, que eu considero muito importante. Acabar bem é muito importante para um jogador que tem contrato, que não tem contrato, que tem clubes a observar. Acaba por ser bom para todos, é uma valorização. O que vendemos e o que é a nossa vida é o jogo. O espírito do grupo é extraordinário neste momento.
Para assumir, ao início do campeonato, que os objetivos são esses delineados [acesso às competições europeias], teríamos que aumentar a qualidade do plantel e isso, às vezes, esbarra, pelo rigor que existe no clube, e bem. Nós, como profissionais, queremos trabalhar em clubes cumpridores. Temos que ajustar a nossa ambição em termos desportivos à realidade financeira dos clubes. Não sei se será possível assumir à partida que iremos lutar por esses objetivos. Depende de como nos conseguiremos reforçar”.