Os fornos de olaria da Cruz de Pedra voltaram à atualidade, depois do vereador do PSD, Ricardo Araújo, ter usado o período antes da ordem do dia para manifestar a preocupação do PSD por esta obra, prometida pela primeira vez em 2014, ainda não ter avançado.
“É um assunto que uniu sempre as várias forças políticas na intenção de reabilitação pela importância patrimonial daqueles edifícios”, começou por afirmar o vereador social-democrata referindo-se à recuperação dos fornos. “Todos sempre viram com expectativa positiva a intenção de reabilitar aquela infraestrutura”, acrescentou Ricardo Araújo, lembrado que “ano após ano” a obra continua a não avançar.
O debate sobre a reabilitação destes fornos de olaria recua, pelo menos, a 2008. Há registos de o vereador do PSD, José Manuel Fernandes, alertar para a degradação daquele património, desde essa altura. Em 2010, Domingos Bragança, em resposta ao vereador José Manuel Antunes, afirmou que aquele património não estava esquecido e prometeu requalificar os fornos dos oleiros existentes na Cruz de Pedra.
Segundo Ricardo Araújo, “em 2014, o então Vereador da Cultura, José Bastos, assumiu que a Câmara já tinha o projeto para a reabilitação; em 2016, o Presidente da Câmara anunciou mais uma vez a reabilitação dos fornos; em 2017, com alguma pompa e circunstância, o Presidente da Câmara, a alguns meses das eleições, anunciou, no local a reabilitação, dizendo que seria para concretizar no ano seguinte. Decorridos estes anos, não podemos deixar de criticar o facto de a reabilitação ainda não ter ocorrido”.
Segundo notícias publicadas pelo Guimarães Digital, em 2016, Domingos Bragança afirmava que seria feita uma candidatura a fundos comunitários para a reabilitação dos fornos, mas acrescentava que “a reabilitação irá avançar quer a candidatura seja aceite ou não.” Nessa altura, José Bastos, então vereador da cultura, dizia ao mesmo órgão de comunicação, que o projeto estava numa fase inicial, mas que poderia ainda ser adjudicado ainda durante o ano de 2016.
No ano seguinte, em 2017, o presidente da Câmara de Guimarães voltou a apresentar o projeto de reabilitação dos fornos da Cruz de Pedra, em junho, a pouco mais de três meses das eleições autárquicas. Nesse momento, foi anunciado que primeiro seria recuperado o edifício dos antigos fornos ligado ao fabrico das Cantarinhas dos Namorados. Mais tarde, seriam recuperadas as três primeiras casas da rua do Moinho Velho, que iriam acolher um lar de infância e juventude da Associação para o Desenvolvimento das Comunidades Locais.
Ricardo Araújo e terminou a sua intervenção lamentando este atraso e questionando o presidente da Câmara sobre o andamento deste processo.
Domingos Bragança reconheceu o atraso e afirmou que “o projeto foi apresentado, quando estava concluído na componente de arquitetura, mas não tinha ainda as especialidades e a necessária validação das diversas entidades que têm de emitir pareceres”. O presidente afirmou ainda que “na altura, não sabia, se soubesse não teria apresentado”.
Domingos Bragança confirmou que a Câmara, “já tem a validação das diversas entidades externas, os projetos de especialidades estão prontos e dentro de pouco tempo será aberto o concurso para a execução da obra”.
O “Projeto para os Fornos de Olaria da Cruz de Pedra”, firmado entre a Câmara Municipal de Guimarães e a Sofia Castro & Filipe Silva, Arquitectos Associados, Lda, no valor de 32 mil euros mais IVA, tem data de 28 de agosto de 2019. A 07 de setembro de 2020, foi celebrado um novo contrato, por ajuste direto, com a Pitagoras Arquitectura e Engenharias Integradas, Lda, no valor de 4.080 euros, este de “Revisão do projeto de execução para a obra ‘Projeto para os Fornos de Olaria da Cruz de Pedra’- Execução”.
Embora Domingos Bragança tivesse afirmado que o projeto já estava “concluído na sua componente de arquitetura” quando o apresentou, em 2017, a adjudicação dos dois contratos de arquitetura é de agosto de 2019 e setembro de 2020.
“Teremos o concurso da obra e a informação de que disponho é que nada poderá agora constituir entrave para a abertura do concurso para um projeto que considero que é importante para Guimarães do ponto de vista da sua função. Pretendemos que continuem a ser feitas as cantarinhas dos namorados, mas também que o espaço funcione como uma escola para que a arte e a tradição da olaria sejam conservadas como símbolo de Guimarães”, reafirmou o presidente da Câmara.