Nove amigos, de um grupo de doze que se junta para conviver e musicar de forma expontânea em espaços públicos, estiveram este sábado nas principais artérias da cidade de Viana do Castelo, para comer, beber e ‘libertar’ um repertório de músicas “antigas e contemporâneas” que “toda a gente conhece”.
“Geração d’Ouro” é o nome que junta amigos músicos – dois com formação académica na área, outros tantos com “alguma formação” e os restantes “amadores” – vindos de Merelim São Pedro, Braga, de onde todos são naturais, e que há vários anos (desde 2009) tocam e cantam de forma expontânea em espaços públicos durante os convívios que realizam sempre que algum dos elementos celebra aniversário.
O exemplo deste sábado reflete o modo como o grupo atua. O aniversariante organizou uma saída até Viana, levaram todos os instrumentos, e logo ao pequeno-almoço perceberam que podiam começar a tocar umas músicas, pois o ‘ambiente’ parecia favorável.
“Pica do 7”, “Verde Vinho”, “Maria Faia” e, claro, “Havemos de ir a Viana” foram algumas das músicas imprescindíveis para passar o dia.
Exemplo (raro) de atuação em palco dos Geração d’Ouro
Jorge Rodrigues, aquele por entre os elementos que “mais chamadas faz”, o que lhe confere uma espécie de estatuto de porta-voz, embora hoje “até nem tenha sido”, deu conta da muita animação que tiveram durante o dia, mas confessou conhecer pouco de Viana para assinalar o itinerário deste sábado.
Explica que, para além das atuações expontâneas na via pública, também se juntam para atuar em festas ou convívios, quando lhes pedem para isso, como recentemente durante as festividades da freguesia de Merelim S. Pedro e Frossos, ou na Festa das Sopas realizada em Cabanelas, Vila Verde. Mas voltemos a Viana.
António Duarte, conhecedor da capital do Alto Minho, orientou-nos pelo percurso festivo desta véspera de dia de eleições, que começou, naturalmente, com um “cafezinho na cidade”.

A maior parte da manhã e início da tarde foi passado na Avenida da Estação, “à beira do Zé Natário”, no Café Paris. “O senhor [proprietário] apanhou-nos lá e não nos deixou mais sair. Até tivemos que almoçar ali”, conta António, que em conjunto com os amigos deu uma festarola com muita música de bandolim, viola, percussão ou pandeireta. Mas bem interpretada, porque estes amigos, embora sem concertos e até sem constituírem um grupo de música oficial, colecionam elogios de cada vez que pegam nos instrumentos ou cantam.

Ao início da tarde, o grupo foi até à Praça da República, em frente ao Museu do Traje, onde voltou a soltar a criatividade. “Porque é mesmo assim que funciona”, conta Jorge, descrevendo como todo se inicia: “Estamos num sítio, sempre com os instrumentos connosco, e se virmos que até se pode proporcionar, começamos a tocar. Se há adesão, continua-se”.

Depois da atuação no ponto mais central da cidade, ainda deu para ‘dar música’ à “dona Graça”, proprietária da Confeitaria A Brasileira, que “muito bem” os recebeu. De lá, e até à hora da publicação deste artigo, foram até ao restaurante O Tabernão, onde, conta António, comem e cantam e cantam e comem.

O grupo Geração d’Ouro é composto por Jorge Rodrigues, António Duarte, Nuno Vinagreiro, Vítor Quintas, Vítor Gomes, Francisco Pinto, Francisco Gomes, Raúl Rodrigues, Sérgio Martins, José Gomes, Baltazar Gomes e Domingos Martins. Para além do canto, tocam viola, bandolim, cajon (percussão), pandeireta, ovo de ritmo, melódica e , “às vezes, mas não muito”, acordeão e concertina. Têm entre 34 e “entre 50 e 60” anos. E se os vir na rua, não se esqueça. É para, no mínimo, ‘bater o pé’.