Este prédio em Ponte de Lima ganhou prémio de arquitetura no Japão

Tiago do Vale Arquitectos, de Braga, distinguidos no Japan Design Award
Este prédio em ponte de lima ganhou prémio de arquitetura no japão
Fotos: João Morgado

O edifício Aurora 10, em Ponte de Lima, foi distinguido com o prémio de Prata no Japan Design Award, na categoria de Arquitetura, foi hoje divulgado.

Em comunicado, o gabinete responsável pelo projeto – Tiago do Vale Arquitectos, com estúdio em Braga – explica que o aquele prémio foi estabelecido em Tóquio, em 2018, e pretende “promover trocas culturais e artísticas a uma escala global, reconhecendo os mais influentes designers e arquitetos em apenas três categorias gerais: Arquitetura, Produtos e Interiores”.

A cerimónia de entrega de prémios ocorreu a 18 de julho, em Tóquio, capital do Japão.

Como O MINHO noticiou, em junho, os mesmo apartamentos conquistaram o primeiro prémio nos Houzee Awards, na categoria de “Condomínio e Apartamento”.

Fachada “quebra o monolitismo”

Neste edifício, salta logo à vista a fachada com as varandas onduladas. De acordo com a equipa de arquitetos, o tratamento da fachada principal “quebra o monolitismo implícito com um delicado jogo de luz e sombra que compõe o cenário para a rua, sugerindo panos verticais que, simultaneamente, rompem com o gesto horizontal abstrato das varandas”.

Cria assim uma “estimulante contradição entre estes dois dispositivos formais, variável com a luz: às vezes mais discreta, outras vezes mais afirmativa – e citam os ritmos verticais próprios das densas ruas dos centros consolidados”.

Dilui “fronteiras” entre o público e privado

Conscientes de que o “espaço público” das periferias tem sido, geralmente, o “sobrante entre edifícios avulsos”, o gabinete de Tiago do Vale prestou atenção às áreas de uso comum “diluindo as fronteiras entre o espaço público associado à rua e o espaço privado do interior do lote”.

Os passeios que limitam a via prolongam-se para uma galeria comercial coberta, culminando o percurso a norte num acesso configurado simultaneamente como escada e auditório, providenciando um “espaço de descanso e de reunião, que um Jacarandá a seu tempo abrigará”.

“Este desenho serve de base ao tema a partir do qual a caixa de escadas do corpo norte emana, desenhando um marco (que define a identidade do edifício mas que se exprime à escala urbana) que recebe pistas das construções vizinhas e que remata a longa rua no seu enfiamento, atento ao seu contexto e dando uma resposta ajustada à sua envolvente”, acrescenta.

Áreas comuns e corredores dos apartamentos receberam cuidado especial

Já as áreas comuns, no interior do prédio, foram tratadas com o “máximo de dignidade”. Afinal, este é o primeiro contacto que tanto visitantes como residentes têm com o edifício.

Com inspiração no “meio-da-casa” da arquitetura popular açoriana, os apartamentos T3 apresentam um “espaço generoso relacionado com a entrada e as circulações interiores, sem função específica, que pode ser apropriado para os mais variados usos: espaço de estudo, oficina, biblioteca, escritório, ou até – recorrendo a compartimentação suplementar e separando o espaço de entrada da zona de distribuição para os quartos- arrumos, espaço para tratamento de roupas, despensa, ‘closet’, entre outros”.

A utilização deste espaço é “limitada apenas pela imaginação, podendo dar resposta a necessidades domésticas suplementares, acomodar ‘hobbies’ dos residentes, pequenos negócios a partir de casa, ou até necessidades transitórias e ocasionais que não podem ser satisfeitas noutros locais do apartamento”.

Para Tiago do Vale, esta “flexibilidade”, que se coloca para além do estritamente funcional, constitui um “forte percursor de qualidade de vida na habitação”.

O Edifício Aurora 10 pretende “dotar a rua de um sentido mais urbano e integrado, utilizando a luz e a forma para transformar a matriz do loteamento num objeto rico, abstrato e de grande leveza, assente sobre uma base de granito de extração local”.

Através de um desenho “simultaneamente técnico e orgânico, simples e complexo”, enfatiza-se a “importância de incorporar rua e edifício, garantido que a proposta não se limita a existir, mas que também oferece algo à rua, atenta às escalas da cidade e dos bairros, e que possa deixar pistas para a discussão e para o desenho de intervenções urbanas futuras”.

Para além de Tiago do Vale, integraram a equipa de arquitetos Adriana Gonçalves, Paula Campos e Clementina Silva.

O promotor e construtor foi a empresa Rio Sul, sediada em Ponte de Lima, tendo as obras sido concluídas em 2024. O mobiliário utilizado foi da responsabilidade da também limiana Redel Interiores.

 
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