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Há um consórcio português, que inclui a UMinho e o CITEVE, que quer “revolucionar” o interior dos carros.
Desenvolveram tecnologias em que o tabliê ou a consola central do seu automóvel tenham um revestimento inovador capaz de ser regenerado através de radiação ou calor, ou então que mude mude de cor consoante a temperatura. E também criaram uma tecnologia que permite controlar a informação do ‘display’ através de gestos ou toque.
Estas novas funcionalidades podem vir, “muito em breve”, a ser uma realidade graças a um consórcio português.
Foi para “demonstrar a aplicação e o impacto destas tecnologias” que o CeNTI e mais 20 entidades das áreas científica e empresarial criaram um microcarro focado na mobilidade urbana.
Além de inteligente, este modelo é “autónomo, conectado, sustentável, elétrico e seguro, tal como se pretende que sejam os veículos do futuro”, revelam os investigadores.
Inovações
A viatura integra, no habitáculo, novos revestimentos funcionais com propriedades ‘self-healing’. Isto significa que possíveis danos, como riscos nos substratos que revestem o tabliê, podem ser regenerados através de radiação ou calor.
O interior do veículo integra ainda estruturas com propriedades termocrómicas. As estruturas têxteis têm a capacidade de mudar de cor em reação à temperatura. Por exemplo, o material tem a cor do substrato onde está aplicado e em contacto com o calor (a determinada temperatura) fica vermelho.
A consola central inclui, também, um ‘display’ interativo para projeção de imagem que é controlado através de toque e gesto. A estrutura do display é transparente e integra a componente de interação com o utilizador de uma forma ‘seamless’, através de eletrónica impressa.
Esta característica permite ao utilizador ter um interior automóvel “mais limpo”, sendo que só quando necessita de interagir com o carro precisa de ativar este sistema.
Outra das novidades passa pela existência de um botão interativo na consola – permite aceder aos diferentes menus do carro, como regular o som, a temperatura, etc. – cujo desenvolvimento foi orientado “para simplificar e otimizar o respetivo processo de produção em contexto real”.
“A ideia foi criar um produto com menos etapas de produção e que ocupe menos espaço no
interior do veículo”, lê-se no comunicado do CeNTI.
Outra das inovações concebidas pelos investigadores foi o desenvolvimento de estruturas baseadas em fibra para reforço de componentes termoplásticos, melhorando as suas propriedades mecânicas e reduzindo o peso do veículo.
Aumentar a “durabilidade e a qualidade dos materiais, promover uma alta capacidade de customização e aperfeiçoar a interação do utilizador com a máquina”. Foram estes os principais objetivos do Projeto designado por PAC – Portugal Autocluster for the Future.
O “design disruptivo” da arquitetura exterior e interior do carro-modelo, assim como as peças e o processo de construção tiveram em conta fatores como a “ecoeficiência, a sustentabilidade e a economia circular, em linha com o futuro da mobilidade e das cidades inteligentes”.
“Potenciar o nível de competitividade” da indústria nacional
Com este projeto, o consórcio procurou “potenciar o nível de competitividade das entidades que operam no setor automóvel, em Portugal, e a sua posição num contexto mundial”.
“A investigação procurou capacitar a indústria com novas competências em campos como a conectividade e a sensorização, a produção flexível e digital de componentes, a automação, a redução do peso dos veículos, a promoção da segurança estrutural e em situações críticas e, ainda, a comunicação cooperativa entre agentes da estrada”, nota.
Investimento de 7 milhões
Alinhado com o plano de ação do Mobinov – Cluster Automóvel Portugal, o PAC foi liderado pela empresa Simoldes Plásticos. O consórcio, totalmente nacional, envolveu nove entidades empresariais e doze entidades não empresariais, dotadas de competências científicas e tecnológicas.
Promovido de 2020 a 2023, o PAC foi cofinanciado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020), do Programa Operacional Regional de Lisboa (LISBOA 2020) e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Com um custo total elegível de 7. 998.174,16 euros, teve o apoio financeiro de 5.294.145,89 euros.
UMinho e CITEVE integram consórcio
Fundado em 2006, o CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes
resulta de uma parceria entre três universidades – Aveiro, Minho e Porto – e três entidades tecnológicas,
nomeadamente o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE, de Famalicão), o CTIC – Centro Tecnológico das Indústrias do Couro e o CEIIA – Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel, à qual se juntou recentemente a associação Bikinnov – Bike Value Innovation.
Tem, atualmente, uma equipa composta por mais de 150 investigadores e está vocacionado para o desenvolvimento de novos produtos e soluções, tendo por base a Nanotecnologia, os Materiais Avançados e os Sistemas Inteligentes.
Com uma forte ligação ao tecido empresarial, o CeNTI já participou em mais de 170 projetos com a Indústria nacional e internacional e possui um portefólio de 67 pedidos de patentes ativas e 35 patentes
concedidas.