A figura do primeiro rei português pontifica, desde sábado, nos jardins da Fundação Rei Afonso Henriques, na cidade espanhola de Zamora. A acompanhar a cerimónia estiveram mais de 100 portugueses, mobilizados pela organização da Grã Ordem Afonsina, que se deslocaram desde Guimarães em autocarros.
No domingo, foi celebrada uma missa na catedral, pelo bispo da cidade, assinalando os 900 anos do momento em que o jovem Afonso Henriques se armou cavaleiro, naquele local. Apesar dos convites “entregues em mão”, nenhum representante do município de Guimarães acompanhou as celebrações.
A escultura doada pela Grã Ordem Afonsina e custeada por três empresas vimaranenses, fica instalada nos jardins da Fundação Afonso Henriques, uma entidade com sede partilhada entre a cidade espanhola e Bragança. Presente na instalação da escultura do primeiro monarca português, conhecido como Afonso de Portugal pelos espanhóis, esteve também a Sociedade Histórica de Portugal.
Toda a iniciativa foi feita sem recurso a verbas públicas
Florentino Cardoso, presidente da Grã Ordem Afonsina, salienta o “absoluto sucesso” da iniciativa. Questionado sobre a ausência de representantes do Município de Guimarães, apresentado como estando entre as entidades que apoiaram a iniciativa, Florentino Cardoso desvaloriza e lembra que “se tratou de um empreendimento da sociedade civil, sem recurso a nenhum apoio público.”
Ainda assim, o presidente da Grã Ordem Afonsina deixa claro que “apesar de não ter estado presente nenhum representante do Município, foram entregues, em mão, convites ao presidente da Câmara e a todos os vereadores, com e sem pelouro.”
Segundo Florentino Cardoso, o edil vimaranense terá dito que só poderia estar presente se fosse convidado pelo alcaide de Zamora. “O único político vimaranense que marcou presença na cerimónia de inauguração foi Nuno Vieira de Brito, presidente da comissão concelhia do CDS”, destaca.
No domingo, foi celebrada, na catedral de Zamora, uma eucaristia assinalando os 900 anos sobre o momento em que Afonso Henrique se armou cavaleiro, presidida pelo bispo da cidade, Fernando Valera. A estátua, inaugurada no dia anterior, retrata esse jovem de 14 anos, no momento em que prestou juramento de ser valente, leal, cortês e de proteger os indefesos em nome de Deus. Depois da celebração da missa, o bispo de Zamora abençoou a réplica da espada de D. Afonso Henriques, mandada fazer pela Grã Ordem Afonsina.
Colaboraram com a iniciativa a Associação de Veteranos Lanceiros de Portugal, fazendo guardas de honra na inauguração da estátua e na catedral, o Coro Brigantino e a Associação de Operações Especiais. Na viagem de ida, a delegação portuguesa foi recebida pelo presidente da Câmara de Bragança e no regresso pelo autarca de Miranda do Douro.
Antes da celebração religiosa, que aconteceu às 13.00, teve lugar uma reconstituição histórica, no adro da catedral. Na homilia, D. Fernando Valera afirmou que “assim como Afonso Henriques, em 1143, firmou o acordo de paz e amizade com o seu primo Afonso VII, conhecido como Tratado de Zamora, que fez dele o primeiro rei português, hoje, zamoranos e portugueses selamos com esta celebração de eucaristia um novo pacto de paz e amizade que, pela fé professada e pela história vivida, aproxima um pouco mais os nossos destinos”.