Declarações após o jogo Boavista-Famalicão (2-5), da 11.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado na sexta-feira no Porto:
Ivo Vieira (treinador do Famalicão): “Temos de dar mérito àquilo que os atletas fizeram. Na primeira parte, apresentámos um jogo de muita qualidade e tivemos várias ocasiões. Fomos nitidamente melhores, mas tenho de alavancar isto ao passado do Famalicão.
Os jogadores interpretaram na perfeição este encontro e tiveram muito mérito na conquista dos três pontos. Construíram um resultado volumoso também pelo apoio dos famalicenses, que têm estado sempre, mesmo nos momentos menos bons da equipa. Têm lutado por nós e é uma vitória inteiramente justa e dedicada a eles.
O Boavista cometeu erros provocados pela competência do Famalicão. Consentimos o golo com alguma felicidade do Boavista, mas carregámos de novo e apareceram as oportunidades, mais do que aquelas que concretizamos. Dilatámos o resultado e foi num grande erro nosso que o Boavista fez o 5-2. Temos de melhorar nesses aspetos.
Num resultado diferente, mais equilibrado, poderia ter sido um golo que custasse mais alguma coisa. A diferença já era grande, mas temos de estar concentrados e sustentar a equipa ofensiva e defensivamente. Foi pena os golos que sofremos, mas também marcámos cinco. Sou defensor de que o futebol é espetáculo. Se fizermos sempre mais um que o adversário, tanto melhor. Se pudermos ganhar com consistência, assim será.
É nítido que os jogadores têm qualidade individual, mas uma equipa não se faz só com bons executantes, mas com bons decisores. São competentes no drible e na progressão, mas têm de perceber que o jogo tem outros momentos, que são o drible, o passe e a relação com os colegas. Quando tiveram essa variabilidade, crescerão muito mais.
É uma luta que tenho tido durante a semana. Muitas vezes, recorrer ao drible não é a melhor decisão. Eles têm de aprender, eu tenho de ensinar e todos temos de crescer nesse aspeto. Estamos a dar passos significativos e acredito que vão ser melhores”.
João Pedro Sousa (treinador do Boavista): “É difícil explicar em 10 ou 15 minutos aquilo que se passa há quatro meses. Isso reflete-se no nosso trabalho e, depois, dentro de campo. No futebol, é muito assim, sejam os problemas de que ordem for.
Nunca escondemos. Ganhámos e eu disse que tínhamos problemas. Empatámos e eu disse que tínhamos problemas. Perdemos e eu disse que temos muitos problemas para resolver todos, de uma ponta à outra, neste clube. É isso que teremos de fazer e apenas existe um caminho: perceber que temos de resolver esses problemas e preparar-nos melhor para começarmos a ser competitivos e a ganhar jogos. Parece fácil, mas não é.
São problemas de vária ordem. No primeiro jogo do campeonato tivemos 14 jogadores inscritos, com percentagem muito grande de jogadores da formação. Depois, problemas de ordem técnica, em que sistematicamente temos lesões, porque fomos contratar no fecho de mercado jogadores que, nos últimos dois anos, tinham seis ou sete jogos.
O treinador coloca-os a jogar e não devia. O Tiago Ilori não podia jogar outra vez hoje [sexta-feira]. O Marcelo Djaló não podia ter jogado na última partida que fez, pois não estava em condições. O Javi García está outra vez lesionado, porque não o poderia ter posto a jogar nem voltarei a fazê-lo. Provavelmente, o central da equipa de juniores irá jogar em Arouca. Se isto justifica alguma coisa? Não. São os problemas que temos.
Os jogadores prepararam-se muito na semana e tinham uma ambição muito grande para este jogo, porque percebiam que era importante antes da paragem. Aos três minutos, cometemos um erro muito grande e não forçado, que dá em golo. A equipa sentiu muito e o segundo golo nasceu outra vez de um erro. Foi muito difícil a nossa primeira parte.
Conseguimos, num lance com alguma sorte, chegar ao 2-1 e poderíamos acreditar, até pelo intervalo, numa nova organização para atacar a segunda parte de outra forma e disputar o encontro e o resultado. Contudo, sofremos o terceiro golo numa bola parada em que sentimos que poderíamos ter feito muito melhor. Foi, de facto, o golpe final.
Fico sempre atento às manifestações dos adeptos, seja quando ganhamos ou perdemos. São o coração do clube e o meu principal objetivo é dar-lhes alegrias. Aliás, a promessa que fiz no primeiro dia em que cá entrei foi fazer melhor do que na temporada passada, alcançar mais do que oito vitórias e não arrastar o sofrimento até ao final da época.
É isso que vamos tentar fazer. Acho que ninguém ousa, sequer, pensar que este ano poderemos lutar pelo quinto ou sexto lugar. Muito sinceramente, quem trabalha comigo, pensa assim e tenho de ser muito honesto com as pessoas. Vamos perder mais vezes, infelizmente. Estou convicto de que vamos ganhar mais vezes, ser competitivos e formar uma boa equipa. Agora, para lutar por competições europeias, isso não é comigo”.