Luís Castro falou à comunicação social, em conferência de imprensa, após a derrota, em casa, contra o Feirense (1-0).
“Não temos estado ao nível da pré-epoca, na nossa forma de jogar e na nossa estabilidade emocional. Essa estabilidade baixou muito há 15 dias [com a derrota frente ao Tondela, para a Taça da Liga]. Senti ao longo do jogo desvios àquela que devia ter sido a nossa forma de jogar. Embora tenhamos tido o jogo controlado a maior parte do tempo, fomos perdendo a confiança ante um adversário com bloco bem montado, com boas saídas. Quando quisemos ir à procura de um bocadinho mais, ficámos limitados pela inferioridade física. Não é uma desculpa para o que aconteceu. Devíamos ter feito mais. Não o conseguimos.
Não há nenhuma derrota que passe ao lado das equipas, nem da massa associativa, nem da equipa técnica. Abala a confiança. Temos cinco dias para preparar o próximo jogo. Não nos podemos distrair com coisas acessórias. Temos de nos focar no próximo jogo [com o FC Porto]. Temos de olhar em frente, de perceber que só com confiança e ambição podemos inverter este ciclo negativo. Muitas vezes estes ciclos negativos a meio, de duas derrotas seguidas, não têm tanto peso como no início. No início, há a expetativa de que as equipas façam tudo bem. O meu trabalho é fazer tudo para que os índices de confiança não caiam em níveis ainda mais baixos.
Os jogos não podem ser dominados de forma aparente, mas efetiva. Quando temos a bola, temos de construir e não temos construído o número de ocasiões suficientes para chegar ao golo. O adversário cria duas ou três ocasiões e faz-nos [golo].
Quando eu olho para uma semana de trabalho, olho na perspetiva de melhorar a equipa e de estar melhor do que no jogo anterior. Eu digo sempre que acredito que vou vencer os jogos. O que eu disse [na antevisão] foi algo mal interpretado pelo Nuno Manta. Vamos perseguir sempre o objetivo fundamental, que é ganhar. A desconfiança levou-nos naturalmente a fazer coisas que fogem ao que queremos fazer. Essa desorganização está a ser fatal. Uma equipa que ataca bem é uma equipa que defende bem. Não temos atacado bem, e, por isso, estamos a sentir dificuldades a defender. Mas não foi por falta de atitude [que falhámos].
Sim, é [preocupante a lesão de Dodô]. Ainda vai para reavaliação amanhã [terça-feira]. Ficou impedido de prosseguir em jogo de forma normal. Tivemos de passar o Tyler [Boyd] para lateral e o Dodô um pouco mais à frente, para não estar tão exposto no momento defensivo.
Um plano B confundirá ainda mais o que não está totalmente assimilado. Para haver um 4x4x2, tem de haver um conjunto de ligações. Eu estava à espera que a equipa dominasse o que tem de dominar, antes de passar a uma fase em que tem de arriscar um pouco mais. Se passarmos a essa estrutura, sem estarmos bem cimentados, vai ser ainda mais difícil.
É um começo que nos deixa apreensivos. No universo Vitória, ninguém está habituado a ter zero pontos à segunda jornada. Temos de continuar a trabalhar. Não podemos lamentar-nos. O que mais peço aos jogadores é para continuarem a confiar em si próprios. A massa adepta está desiludida e nós também, connosco próprios.”
Também em conferência de imprensa, o treinador do Feirense, Nuno Manta, disse:
“O Vitória apresentou a sua estratégia para o jogo. O Feirense apresentou a sua estratégia para o jogo. A estratégia do Feirense funcionou. Marcámos um golo e não sofremos nenhum. Marcar no princípio, no meio ou no fim vale sempre o golo.
Nos momentos defensivos fomos muito solidários e tapámos os caminhos para a baliza. O Vitória obrigou-nos a ‘bascular’ muito para a direita e para a esquerda. Fomos conseguindo anular isso e saindo algumas vezes em transição. O Vitória teve mais bola, circulou mais, mas o número de remates foi muito equilibrado. O Feirense apareceu duas ou três vezes em situação iminente de golo. O Vitória também teve dois bons remates, mas não fez [golo]. Nós fizemos, e, depois, foi uma questão de gerir tempo e jogo.
Trabalhámos sempre para ganhar, independentemente do adversário. Quando eu vi o calendário, se dizia que teria agora seis pontos, sinceramente por aquilo que a equipa técnica e os jogadores trabalham diariamente, podíamos ter seis pontos. Sabíamos da dificuldade de jogar com o Rio Ave ‘europeu’ e com o Vitória de Guimarães, com o plantel que tem. No próximo jogo, o grau de dificuldade aumenta, porque a exigência perante o que o Feirense apresentou vai ser cobrada no domingo [na receção ao Boavista].
(O Feirense é a única equipa sem golos sofridos no campeonato) Havia um aspeto que tínhamos de corrigir. Já no ano passado, não sofremos muitos golos, mas sofremos. Deve-se muito ao trabalho na nossa organização defensiva. Não é só trabalho da linha defensiva, que é a última barreira perante a nossa baliza, mas também é trabalho da linha média. A nossa segunda linha tem tido um trabalho fundamental. Vejo muito, muito trabalho defensivo e compromisso nas nossas tarefas, quando não temos bola.
(Sobre o rendimento da dupla de centrais) Tanto o Briseño como o [Bruno] Nascimento já, no ano passado, faziam parte do plantel do Feirense. Jogavam em conjunto e merecem estar a jogar. Tem-se mostrado um dupla muito sólida e consistente. Quero também enaltecer o Flávio [Ramos], que não joga, mas tem trabalhado para isso, e os outros defesas que não têm jogado. Queremos mais, que os nossos jogadores evoluam e cresçam e se tornem referências no nosso campeonato.”
Na próxima jornada, os vimaranenses jogam contra o FC Porto, no Estádio do Dragão.