Está a nascer mais habitação social em Arcos de Valdevez. Secretária de Estado aplaude “dinamismo”

A secretária de Estado da Habitação esteve, na tarde desta sexta-feira, em Arcos de Valdevez para visitar as obras de construção e requalificação de habitação social no concelho.

Patrícia Gonçalves Costa tinha na agenda a deslocação a três freguesias, mas compromissos de última hora obrigaram a uma alteração na visita, e a comitiva acabou por se deslocar apenas às empreitadas situadas nas freguesias de Vila Fonche e Guilhadeses.

Para a secretária de Estado, o processo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem sido “difícil” e a “proximidade, trabalho e disponibilidade dos municípios tem sido fundamental”.

“O esforço que os municípios têm feito tem sido revelador de um dinamismo e proximidade muito grande com as famílias e com a necessidade que estamos a viver, de promover mais habitação e de qualidade”, referiu.

Antes de iniciar a visita às obras, a governante foi recebida, de forma breve, nos Paços do Concelho pelo autarca Olegário Gonçalves, que fez questão de sublinhar a disponibilidade e proximidade da secretária de Estado no acompanhamento dos diversos processos em curso.

E, para assinalar a viagem a Arcos de Valdevez, Patrícia Gonçalves Costa teve direito a um cabaz de produtos locais onde não faltaram os vinhos, enchidos, compotas, marmelada, vários doces típicos e os tradicionais Charutos dos Arcos.

Governo quer continuar a apostar na construção para responder à crise na habitação

Em declarações aos jornalistas, Patrícia Gonçalves Costa salientou que há “muitas respostas a serem concretizadas devido à proatividade dos municípios” e garantiu que estão “com cerca de 10 mil casas entregues no âmbito do PRR”.

“Vamos conseguir cumprir o PRR e, mais do que isso, estamos a criar todos mecanismos e alternativas para continuarmos a financiar toda a habitação que tem de ser feita. As necessidades estão dispersas ao longo do país e também aqui (no Alto Minho)”, afirmou a secretária de Estado.

“Hoje em dia estamos a trabalhar não só para uma população mais carenciada, mas também alargamos as nossas respostas a uma classe média, nomeadamente a uma construção a custos controlados, e para um arrendamento acessível”, frisou.

Questionada sobre a falta de mão-de-obra nas empresas de construção civil, a secretária de Estado afirmou que a falta de investimento nos anos anteriores levou as empresas a procurarem outros mercados.

“Não se fazem casas de um dia para o outro. Houve um desinvestimento muito grande e durante muito tempo no setor da habitação. E, portanto, as empresas de construção migraram para outras geografias. É preciso canalizá-las, atraí-las e, ao mesmo tempo, utilizar a tecnologia que está disponível e otimizarmos todos os recursos”, reforçou.

Secretária de Estado visitou obras nas freguesias de Vila Fonche e Guilhadeses

Já com o tempo contado, a comitiva dirigiu-se a Vila Fonche, ao Bairro da Quinta da Capela, onde foi possível conhecer as obras de requalificação em três blocos diferentes e que envolveram 28 apartamentos.

Nesta empreitada foram feitas as renovações de cozinhas, pinturas interiores e exteriores, espaços comuns, requalificação dos telhados e de alguns espaços exteriores.

As obras implicaram uma articulação com as pessoas de forma a evitar a saída das casas e, por isso, não houve necessidade de deslocar ninguém e as famílias conseguiram manter o seu dia-a-dia praticamente normal.

A visita seguinte foi ao Largo de S. Tiago, na freguesia de Guilhadeses, onde estão a ser construídos de raíz oito fogos habitacionais, com moradias geminadas de tipologia T1 (4) e T2 (4).

No final da visita, a secretária de Estado realçou a sua satisfação pelo trabalho que os municípios têm vindo a fazer e garantiu que sai “muito satisfeita de Arcos de Valdevez”.

“Saio daqui muito satisfeita e com muita esperança no cumprimento de todos os compromissos que temos. Estou muito feliz por ver que os municípios estão a concretizar. Acredito que a médio e longo prazo vamos conseguir resolver a crise habitacional que estamos a viver”, referiu, ainda, em exclusivo ao nosso jornal.

Requalificações e construções vão beneficiar cerca de 130 pessoas em Arcos de Valdevez

De acordo com o autarca Olegário Gonçalves, cerca de 130 pessoas vão beneficiar das requalificações e construções em curso no concelho.

As obras estão espalhadas por diversas freguesias, para “abranger o maior número de pessoas e locais”.

“Em Arcos de Valdevez não somos exceção e também temos lista de espera (cerca de 50 pessoas/famílias). Daí estarmos a apostar na construção e, no futuro, teremos novidades relativamente a outro tipo de construções, nomeadamente, a custos controlados”, garantiu o presidente arcuense.

Autarca de Ponte de Lima foi a Arcos de Valdevez para apresentar projeto

Aproveitando a visita da secretária de Estado da Habitação a Arcos de Valdevez, o presidente da câmara de Ponte de Lima deslocou-se a terras arcuenses para dar a conhecer o projeto de habitação a custos controlados que o município tem já preparado.

“Viemos apresentar um projeto que já tínhamos apresentado ao anterior governo (de António Costa) e que não tinha colhido aceitação”, revelou Vasco Ferraz, em declarações exclusivas a O MINHO.

“É um projeto de habitação a custos controlados para a classe média baixa, e nós pretendemos construir cerca de mil frações de habitação num período de, pelo menos, 30 anos para termos a possibilidade de dar habitação acessível a várias gerações”, explicou ainda.

“É nossa intenção construir dentro da sede do concelho, com uma taxa de retorno de 1,1%, para podermos depois fazer coesão no resto do território, com uma taxa a 0,9%. Temos uma população muito dispersa, à semelhança de uma grande parte dos concelhos do Alto Minho, e temos a clara intenção de fixarmos as pessoas dentro das freguesias”, assumiu Vasco Ferraz.

Para o autarca, o projeto tem ainda uma vertente de “incentivo à natalidade”, porque “grande parte dos custos é assumida pela câmara, nomeadamente a aquisição da propriedade, os custos com o processo (projetos, acompanhamento das obras) e será vendido diretamente pela autarquia, evitando intermediários e reduzindo o preço final”.

“É para a classe média contribuinte do país, e que possa constituir família e ter filhos mais rápido”, sublinhou.

“É um projeto diferenciado”, considerou também o presidente limiano, acrescentando que a secretária de Estado elogiou o projeto e avançou que “até poderá ser um modelo a seguir no resto do país”.