A romaria dos frangos pretos e banhos santos, em S. Bartolomeu do Mar, Esposende, vai “lutar por um lugar” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI), informou, esta sexta-feira, o responsável pelo projeto.
Álvaro Campelo, que apresenta publicamente o projeto em Esposende esta sexta-feira, durante o 5.º Encontro da Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios, disse que a candidatura ao Inventário Nacional deverá ser entregue até julho.
“Estamos muito confiantes na integração no INPCI, já que a romaria de S. Bartolomeu tem especificidades que fazem dela uma manifestação única no país”, sublinhou.
A candidatura será apresentada na Direção-Geral do Património Cultural e sujeita a avaliação por peritos, que depois decidirão pela sua integração ou não no INPCI.
A integração naquele inventário é a única forma existente em Portugal de protecção do património cultural imaterial, para o qual não há a classificação de interesse nacional, público ou municipal.
A Romaria de S. Bartolomeu do Mar é uma tradição que se repete a 24 de Agosto, pelo menos desde 1566, e assume-se como uma espécie de “tratamento” para livrar as crianças de maleitas como medo, gaguez, gota ou epilepsia.
O “tratamento”, que é sempre o ponto alto das festas, começa com as crianças e respetivos pais a darem três voltas à capela de S. Bartolomeu, carregando frangos pretos.
No final, os frangos são depositados num galinheiro contíguo à igreja para, mais tarde, serem vendidos em leilão, cuja receita ajudará a custear a festa.
Pais e filhos entram depois no templo, para passarem por debaixo do andor de S. Bartolomeu, sendo o passo seguinte a bênção da criança “doente, ou que se teme venha a ficar doente”, missão que fica a cargo de um membro da comissão de festas, que lhe encosta à cabeça uma pequena réplica da imagem do santo.
Segue-se então a deslocação à praia, a 600 metros de distância, para o ritual do banho santo, ficando assim completa a terapia sagrada.
A tradição exige que a criança seja “mergulhada” na água um número ímpar de vezes, normalmente três.
Até há umas décadas, o banho tinha que ser ministrado por homens ligados ao mar, normalmente sargaceiros, que eram obrigados a ter a respetiva licença, passada pela autoridade marítima.
Agora, a função é assumida por populares, que em troca recebem uma “gratificação” dos pais das crianças.
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