Esposende recuperou canhões de bronze do século XVI que estavam no fundo do mar

Pertenciam ao navio quinhentista naufragado ao largo de Belinho
Foto: CM Esposende

O Município de Esposende recuperou, na segunda-feira, do fundo do mar, ao largo da praia de Belinho, dois canhões de bronze do século XVI, que se supõe serem da embarcação quinhentista cujos destroços deram à costa em 2014.

A operação de resgaste foi realizada na presença de mergulhadores, na área do naufrágio de Belinho, após diversas alertas ao Serviço de Património Cultural da autarquia.

Prontamente foram alertadas as devidas autoridades e entidades, no caso a Capitania do Porto de Viana do Castelo e a Delegação Marítima de Esposende, para além do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, que tutela o Património Cultural Subaquático.

A autarquia sublinha que os trabalhos arqueológicos foram realizados com “caráter de emergência”, atendendo aos recorrentes alertas e às excecionais condições do mar, nomeadamente a fraca ondulação.

Efetivamente, durante os trabalhos de monitorização e de registo, os peritos verificaram que as duas bocas de fogo tinham sido deslocadas, estando totalmente à mercê da natureza e/ou de interesses ilícitos.

Foto: Alex Monteiro

“Resgatados à turbulência das profundezas do irado mar Atlântico e à cobiça humana repousam agora num merecido ambiente tranquilo, nas instalações do Município de Esposende, em tanques construídos para o efeito em 2017”, nota a Câmara.

Consciente do seu valor e relativo fácil acesso, a equipa de investigação procurou, desde a sua descoberta em abril de 2017, promover a sua salvaguarda, mas até agora “nunca se tinha conseguido reunir a conjugação de fatores naturais” – particularmente a fraca ondulação e boa visibilidade – bem como recursos e equipas.

Na passada segunda-feira, foi realizada uma ação de salvaguarda, dado o risco destas peças de artilharia virem a ser “pilhadas ou roubadas”.

De referir que a Convenção da UNESCO para a Proteção do Património Cultural Subaquático privilegia a preservação “in situ” quando estão reunidas as condições de proteção e de valorização das peças.

Agora, segue-se a fase de conservação e de investigação das duas colubrinas oitavadas de bronze, “raras no território português e que obedecem a um plano rigoroso”.

De realçar que no passado dia 20 de setembro, no âmbito da programação das Jornadas Europeias do Património do Município de Esposende, foi apresentada a publicação “Patrimónios Emersos e Submersos – Do Local ao Global”, dedicada ao naufrágio de
Belinho.

“Foi a consciência das ameaças a que este património está sujeito, desde a natureza dos fundos subaquáticos, expostos a processos sedimentares extremos e a tempestades, ou a atividades que coloquem em causa a sua integridade física, que esteve sempre subjacente a toda a intervenção de resgate”, refere a Câmara, em comunicado enviado às redações.

A recuperação deste importante Património Cultural permitirá a sua “investigação de forma mais detalhada e, eventualmente, trazer novas perspetivas sobre o navio de Belinho”.

Paralelamente, será mais um “elemento de valorização” do acervo arqueológico do Município de Esposende, com vista à posterior fruição por parte dos cidadãos, reforçando a “partilha de informação e do conhecimento da e com a comunidade”.

 
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