A Câmara de Esposende lamentou hoje a morte da escritora Agustina Bessa-Luís, sublinhando que se trata de uma “figura grande” da literatura portuguesa, e que perpetuou em registos autobiográficos o nome do concelho, onde chegou a viver.
“Hoje perdemos uma figura grande da literatura portuguesa. Agustina Bessa-Luís pautou a sua vida pela elevação no trato da língua portuguesa e pela discrição na vida pública”, refere a Câmara, em comunicado.
Acrescenta que Esposende “ficou gravado em registos autobiográficos” da escritora, citando um trecho sobre o concelho do “Livro de Agustina”, obra de caráter autobiográfico, publicada originalmente em 2002, nos 80 anos da escritora, com a chancela Três Sinais.
“Em Esposende conheci dias duma perfeita harmonia comigo mesma. As pessoas foram boas para mim, com essa bondade que não se interpreta, só se regista. Nada acontecia e tudo era importante (…). Nessa altura já me chamavam a eremita de Esposende. Estava a tornar-me típica e, além disso, a ficar bronzeada”, escreveu Agustina nesse livro, reeditado posteriormente, em 2007 e 2017, pela Guerra e Paz.
Há muito afastada da vida pública por razões de saúde, Agustina Bessa-Luís morreu hoje, aos 96 anos, no Porto e o funeral realiza-se na terça-feira, partindo da Sé Catedral do Porto, para o cemitério de Peso da Régua, onde decorrerá uma cerimónia privada.
O Governo decretou luto nacional para terça-feira.
O nome de Agustina destacou-se em 1954, com a publicação do romance “A Sibila”, que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.
Recebeu igualmente o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os Meninos de Ouro”, e em 2001, por “O Princípio da Incerteza I – Jóia de Família”.
Foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.
Em 2004, Agustina recebeu os Prémios Camões e Vergílio Ferreira.
Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant’Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto, em 1988.