Declarações dos treinadores após o Gil Vicente – Sporting (0-3), jogo da 15.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Barcelos:
Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “O resultado é demasiado penalizador para aquilo que as duas equipas fizeram dentro de campo. Entrámos muito bem no jogo, a pressionar muito o Sporting, que estava a ter dificuldades. Num lance em que o Fugi [Fujimoto] tenta jogar a bola, comete uma falta para vermelho sem intenção. O jogo ficou confuso. Não era este jogo que queríamos jogar. Ficou um bocadinho quezilento. Depois houve o penálti, bem marcado pelo VAR. Tivemos a felicidade de o Sporting falhar o penálti.
O VAR chama duas vezes bem e depois não chama na terceira [para um penálti a favor do Gil Vicente]. O braço [do Matheus Reis] estava a aumentar a volumetria do corpo. Foram duas excelentes decisões e uma péssima do VAR. Foi injustificável do meu ponto de vista.
Na segunda parte, o jogo estava equilibrado, mas cometemos um erro e o Sporting marcou [o 1-0]. Depois tornámos a errar e pagámos caro numa bola parada. Antes tivemos uma oportunidade para fazer o 1-1 pelo Frán Navarro. Depois tivemos outra oportunidade pelo Samu [Samuel Lino] para reentrar em jogo, mas não fizemos golos.
Temos a consciência de que o Sporting é uma grande equipa. Atendendo às incidências do jogo, é um justo vencedor. Os jogadores sabem qual é o processo e não abdicamos dele. A partir do momento em que as equipas ficaram a jogar 10 contra 10, veio ao de cima a capacidade individual dos jogadores do Sporting.
Se tirarmos os últimos cinco minutos, em que o Sporting tem as últimas oportunidades de golo, chegamos à conclusão de que não houve superioridade do Sporting. Levo essas boas sensações, mas não gostei nada da primeira parte. Foi um jogo esquisito. Quer nós, quer o Sporting poderíamos ter feito melhor. Temos capacidade para fazer melhor. Tenho muito orgulho nos meus jogadores. Vamos trabalhar para não cometermos mais erros.
É um orgulho treinar o Gil Vicente [a propósito do 50.º jogo no clube]. Desde que vim para cá, deu-me todas as condições para desenvolver o meu trabalho com qualidade. O Gil Vicente é um clube de muito afeto, muito familiar. Qualquer treinador está mais perto de ter sucesso num clube como este. No ano passado, a equipa faz um grande trabalho e acaba no 11.º lugar. Neste ano, há a ‘pedra no sapato’ Leça [eliminou o Gil Vicente da Taça de Portugal]. Espero ajudar a melhorar o clube e que, no futuro, recordem com saudade a passagem do Ricardo Soares”.
Rúben Amorim (treinador do Sporting): “Os jogadores têm estado bem. São sólidos e muito competentes naquilo que fazem. Temos de retirar o que temos feito bem nos jogos, mas também há coisas que não temos feito tão bem. Depois da expulsão do jogador do Gil Vicente [Fujimoto], fizemos com que um jogador nosso fosse expulso. Como já aprendemos muito com as derrotas, também aprendemos com as vitórias. Esta série [de 14 vitórias consecutivas em competições nacionais] não é muito normal, mas o importante é continuar a vencer.
É preciso imaginar um todo, para ver como todos estão mais confortáveis [na hora de fazer a primeira substituição]. Tive de tirar o Pablo [Sarabia]. O Pedro Gonçalves não estava a jogar melhor do que o Pablo, mas era o que a equipa precisava mais. Com o Nuno [Santos], fechámos bem o corredor. Na segunda parte, fizemos tabelas na área do Gil Vicente e criámos lances. Os jogadores deram razão ao treinador. A ideia da substituição foi dar conforto à equipa.
Há que dar mérito ao Gil Vicente, porque pressionou bem e conhece bem a equipa do Sporting. Quisemos sair bem por trás, e a primeira ocasião é nossa, num remate do Pablo [Sarabia], mas faltou-nos alguma energia ao início, e o Gil teve-a. Isso também é mérito do Gil Vicente. Há boas equipas e bons treinadores [no campeonato]. Por vezes, damos a volta aos jogos e dominamo-los, como aconteceu hoje.
A expectativa é sempre pensar jogo a jogo. Houve jogos em que ganhámos 1-0 e fomos melhores, tendo criado mais oportunidades. Já temos jogo na quarta-feira. Se perdermos [frente ao Casa Pia], estamos de fora da Taça de Portugal. Se perdermos com o Portimonense [na 16.ª jornada do campeonato], podemos perder o primeiro lugar. Não temos tempo para pensar que isto vai correr como no ano passado, porque está a correr muito bem. No ano passado, já tínhamos mais pontos de vantagem [para os adversários]. Temos potencial para crescer e temos de aproveitar todos os minutos.
Não lhe disse nada [ao Luís Neto, sobre a expulsão]. Ia dizer que estava irritado. Olhei para ele e perdi a irritação toda. Ele sabe que errou. A cara dele não era só de pedir desculpa, mas também de embaraço. Quando vejo isso, não tenho de dizer nada. Ele sabe que não podia fazer isso, pois poderíamos ter dominado o jogo [em superioridade numérica].
Quando estamos com dificuldades, [os jogadores] são inexcedíveis. Mesmo quando o jogo está estranho, tenho a sensação de que vai correr bem”.