Espanha vai avançar com a eletrificação do troço Guillarei-Tui no âmbito da modernização da ligação Vigo-Porto, anunciou hoje o Eixo Atlântico que sublinhou, contudo, que esta não é solução para os problemas na eurorregião Norte de Portugal-Galiza.
“Felizmente Espanha vai cumprir os seus compromissos para que até ao final de 2020 possamos ter um comboio elétrico, moderno que faça Porto-Vigo, com paragens, em 90 minutos. Foi algo para o qual trabalhámos muito, mas esta não é a solução. A solução passa pela saída Vigo-Sul e é isso que nós esperamos que esteja em discussão na Cimeira Ibérica”, defendeu Xoan Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, organismo que agrega 38 municípios portugueses e galegos.
O Administrador de Infraestructuras Ferroviarias (ADIF) publicou terça-feira no Diário Oficial do Estado o anúncio de execução das obras de aumento da potência e melhoramento das subestações de Guillarei, Sela e Redondela, orçadas em 5.638 mil euros e cujo o prazo de execução é de 18 meses.
O anúncio acontece a menos de uma semana da Cimeira Hispano-Lusa de Valladolid (21-N) onde Xoan Mao espera se possa discutir o futuro da ferrovia na fachada ibérica.
“Há um acordo unânime no parlamento da Galiza a favor e em defesa da saída Vigo-Sul. Achamos que o governo espanhol não pode ignorar do parlamento da Galiza. Estamos muito expectantes. Sabemos que o governo português está interessado no assunto, pelo que acreditamos que na próxima cimeira se vá discutir este tema”, afirmou em declarações à Lusa.
Para o secretário-geral do Eixo Atlântico, “as cimeiras não podem ser encontros de amigos para almoçar juntos, tem que tratar de assuntos relevantes para o espetro económico e a saída Vigo-Sul é neste momento o troço mais relevante no espectro económico”.
Segundo aquele responsável, “a dicotomia não é Norte/Sul, não é Porto/Lisboa, não é Vigo/Porto ou Vigo/Corunha, a dicotomia é Atlântico/Mediterrâneo” pelo que, quando falamos neste território, não podemos esquecer as áreas de fronteiras, zonas despovoadas e de baixa densidade, onde é essencial aproveitar a posição estratégica da fachada ibérica para o seu desenvolvimento.
Para que isso se materialize, reitera, há duas medidas fulcrais, por um lado a ligação Aveiro-Vilar Formoso-Salamanca e por outro a conexão Lisboa-Corunha ou Faro-Ferrol.
De acordo com aquele responsável, “a aposta na ferrovia é o futuro de Portugal e da fachada atlântica espanhola”, já que uma ferrovia pouco competitiva “vai produzir um fenómeno de isolamento de Portugal e de queda económica dos territórios espanhóis”.
Em abril deste ano, o Governo requereu a declaração de utilidade pública, “com caráter de urgência”, das parcelas de terreno necessárias à execução da eletrificação do troço entre Viana do Castelo e Valença da Linha do Minho.
A medida foi justificada com a necessidade de cumprimento dos prazos fixados para a execução daquela empreitada.
No total, a Infraestruturas de Portugal (IP) vai investir 3,8 milhões de euros no troço da Linha do Minho de Viana do Castelo a Valença.
A modernização da Linha do Minho vai permitir a circulação de comboios como o Alfa Pendular. Contudo, para que possa existir uma ligação rápida entre Valença e Vigo, é necessária uma intervenção no lado galego, intervenção esta, cujo o anúncio foi agora publicado.