A escritora espanhola Layla Martínez vai estar este mês num périplo por Portugal, a apresentar o romance “Caruncho”, no âmbito de um projeto da editora Antígona de promoção da leitura para diferentes públicos.
A Antígona divulgou hoje que, entre 22 e 26 de setembro, Layla Martínez estará na aldeia Campo do Gerês, em Terras de Bouro, em Lisboa, em Leiria e em Mértola, no distrito de Beja, com o romance de estreia, publicado em março em Portugal e que teve já uma segunda edição em junho.
A vinda da escritora a Portugal insere-se no projeto “Sementes de Dissidência”, criado no âmbito dos 45 anos da Antígona, que se assinalam em 2024, e que é financiado pelo programa Europa Criativa, da União Europeia, que apoia a circulação, a tradução e a promoção de obras literárias europeias.
Para este projeto, que se estende até 2026, a Antígona escolheu cinco livros “com temas prementes para tempos incertos” e com os quais pretende “estimular conversas e atividades no espaço público, em comunidades rurais no interior do país, em escolas, bibliotecas municipais e livrarias, entre adolescentes, idosos e grupos vulneráveis, como a população prisional e mulheres marginalizadas”.
No caso de “Caruncho”, que inaugura este projeto, Layla Martínez vai estar na Livraria da Travessa e na Biblioteca das Galveias, em Lisboa, e também na Livraria Arquivo, em Leiria, e na Biblioteca Municipal de Mértola.
Tem ainda previsto conversas e encontros organizados pela Cooperativa Cultural Boa Criação, naquela localidade alentejana, e pela Associação Cultural Rural Vivo, que trabalha para o desenvolvimento sustentável de quem vive na Serra do Gerês.
“Caruncho”, publicado originalmente em 2021 e traduzido por Guilherme Pires, narra o regresso de uma neta, acusada de um crime, à casa rural da família, e mergulha o leitor no coração de uma Espanha vazia, marcada por resquícios do franquismo, uma terra tão agreste e estéril como o destino a que condena as mulheres que nela vivem.
Contada a duas vozes, pela jovem e pela avó, esta história de rancor e vingança é indissociável da memória do lar assombrado, de espetros que clamam justiça, entre quatro paredes, sobre as quais pesam traumas herdados e décadas de violência e opressão.
Para escrever “Caruncho”, Layla Martínez inspirou-se em crenças populares e na história da família materna, oriunda da região de Cuenca, onde a repressão franquista foi particularmente dura.
Os próximos livros a circular, no âmbito do “Sementes de Dissidência”, serão “Niels Lyhne”, de Jens Peter Jacobsen, “A Parede”, de Marlen Haushofer, “A Pequena Comunista que Nunca Sorria”, de Lola Lafon, e “A Verdade e Outros Contos”, de Stanislaw Lem.
São romances que abordam questões como a ecologia e a consciencialização ambiental, a instrumentalização e a invisibilidade da mulher, a conformidade social e a luta contra o patriarcado.