Envelhecimento pode cortar crescimento do PIB em 0,6 pontos percentuais por ano

Concluiu um estudo do McKinsey Global Institute
Foto: Lusa

O envelhecimento da população, a par com a quebra de natalidade, pode ter um impacto negativo no crescimento do PIB português de 0,6 pontos percentuais por ano até 2050, concluiu um estudo do McKinsey Global Institute (MGI).

Segundo o estudo, “nas economias avançadas e na China, a população em idade ativa cairá para 59% do total em 2050, contra os atuais 67%”, contexto no qual se prevê que “o crescimento do PIB ‘per capita’ diminua substancialmente, em mais de 0,5 pontos percentuais por ano em vários países, a menos que a produtividade e a participação no mercado de trabalho aumentem”.

Portugal destaca-se ao “enfrentar um dos maiores desafios entre os países de todo o mundo”, registando uma taxa de natalidade de cerca de 1,5 filhos por mulher, abaixo do nível de reposição de 2,1, e “uma percentagem crescente da população na reforma”.

Assim, o impacto do envelhecimento da população “reduzirá em 0,6 pontos percentuais por ano o crescimento do PIB ‘per capita’ português nos próximos 25 anos”, de acordo com esta análise, que estima também que o número de pessoas em idade ativa por reformado (a chamada “taxa de suporte”) passará de 2,6 para 1,6 até 2050.

“Como referência, o crescimento anual nos últimos 25 anos foi de 1,1%, o que significa que o impacto demográfico poderá eliminar mais de metade desse crescimento”, afirma o MGI.

A consultora deixa o alerta de que “sem reformas urgentes, as economias avançadas e emergentes enfrentarão um abrandamento do crescimento económico e uma pressão crescente sobre os sistemas de pensões e as finanças públicas”.

Marc Canal, investigador sénior do MGI, salienta, citado em comunicado, que “Portugal tem um enorme desafio demográfico, que só poderá ser superado com uma maior participação no mercado de trabalho e um aumento substancial da produtividade. Além disso, é fundamental repensar o contrato social entre gerações.”

Para as empresas, existirá a necessidade de “repensar as estratégias para captar o mercado sénior, gerir equipas multigeracionais e investir em tecnologias que impulsionem a produtividade”.

Já os governos terão de “desenhar políticas públicas que incentivem este investimento, bem como o reforço da poupança para a reforma, a saúde pública e a promoção da longevidade saudável”, conclui o estudo do MGI.

 
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