Fafe conta, a partir de hoje, com o certificado do entrelaçado de palha, que reconhece oficialmente aquela tradição centenária e os seus artífices, a maioria mulheres de zonas rurais do concelho, acrescentando mais valor ao produto.
“Nos dias de hoje, é importante potenciar esta arte tradicional e acrescentar-lhe valor. A certificação ajuda a acrescentar-lhe esta marca e este valor”, afirmou à Lusa o presidente da câmara, Antero Barbosa.
O autarca assistiu à cerimónia onde, simbolicamente, foram certificadas sete artesãs, de duas freguesias (Travassós e Golães), que vão passar a usar a sua etiqueta nos seus produtos feitos à base do entrelaçado de palha. Trata-se de um produto usado sobretudo para confecionar, por métodos artesanais, sacos, cestos de vários tamanhos e formas, chapéus de homem e senhora e bolsas, entre outros objetos.
Aqueles produtos, incluindo o seu processo produtivo, cumprem o manual de requisitos preparado no processo de certificação iniciado em 2022, envolvendo entidades nacionais habilitadas para o efeito e a câmara municipal, além das artesãs e instituições locais ligadas ao setor.








O entrelaçado da palha é uma tradição antiga no concelho minhoto, que foi passando oralmente de geração em geração, ocupando sobretudo mulheres dos meios rurais e até crianças que, mandava o costume, se dedicavam àquela atividade e dela retiravam algum rendimento.
“Num tempo em que as mulheres não tinham outras ocupações e estavam muito circunscritas às atividades domésticas, havia aqui um contributo para a economia familiar”, acentuou o presidente do município, destacando, por outro lado, a componente social da atividade.
“Elas faziam aquilo de forma mecânica e estavam completamente distraídas. Era uma forma de encontro das pessoas para podem partilhar informação, como também acontecia nos tanques públicos”, referiu, sublinhando a importância de, com esta certificação, se “valorizar e recuperar essa memória”.
Atualmente, disse, ainda há algumas dezenas de mulheres que se dedicam ao entrelaçado da palha, o que se deve ao trabalho de formação de jovens com a participação da Associação para o Desenvolvimento Integrado do Vale do Ave e a suas oficinas criativas, entre outras iniciativas.
No concelho de Fafe existe também um museu da palha, na localidade de Golães, onde os visitantes podem encontrar uma oficina de trabalho e uma sala de exposições.
Para Antero Barbosa, a certificação hoje apresentada “é o ponto de partida” para que outras pessoas se dediquem à atividade, aproveitando o valor acrescido que aquele produto passou a ter.
“Há aqui um potencial enorme, com a possibilidade de, a partir da palha, se poder diversificar as suas utilizações”, reforçou.
Para o autarca, “é necessário que outras pessoas possam ser aportadas e encontrarem fórmulas, do ponto de vista empresarial, para darem maior importância a este processo produtivo”.