Engenheiros do Norte veem “bastante racionalidade” no projeto da alta velocidade

Foto: DR

O presidente da Ordem dos Engenheiros – Região Norte, Bento Aires, disse hoje que vê “bastante racionalidade” no projeto da alta velocidade ferroviária, referindo-se ao faseamento do projeto, mas pediu medidas para atrair profissionais para o executar.

“Eu vejo aqui bastante racionalidade e algum faseamento da execução dos projetos. São prazos muito ambiciosos, que não têm só o prazo de execução que pode condicionar a duração do projeto, mas temos de acreditar que vai ser possível fazer, temos aqui um cronograma para cumprir”, disse hoje aos jornalistas no Porto.

Bento Aires falava após a Ordem dos Engenheiros do Norte receber uma sessão de apresentação da Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa, focada sobretudo no troço Porto-Soure.

O responsável relembrou, no entanto, que “durante anos Portugal não fez um quilómetro de ferrovia, não a manteve, por isso, não é sensato agora exigir” ter “engenheiros capacitados para a ferrovia” repentinamente.

“Costumo dizer que Portugal, na última década do século passado e a primeira deste, foi um laboratório de engenharia, e foi esse laboratório que permitiu à engenharia portuguesa internacionalizar-se e assumir-se enquanto engenharia de qualidade”, considerou.

Porém, Bento Aires admitiu que esse cenário “pode-se ter dissipado”, mas “é possível recuperar”, apesar dos “anos de sangria de profissionais para o exterior” e de falta de “carteira de trabalho”.

“Temos recursos humanos extremamente capacitados, extremamente experientes, no exterior do país, e o país tem que saber ter medidas que os atraiam a voltar. Ter projetos desta dimensão é, seguramente, um grande atrativo”, considerou.

Quanto à falta de mão de obra no setor da construção, Bento Aires disse ainda que o país terá de “recorrer a economias emergentes, a países que tenham mão de obra disponível”, sendo necessário “que o regime de vistos seja facilitado”.

O projeto de Alta Velocidade Lisboa-Porto, com um custo estimado de cerca de 4,5 mil milhões de euros, prevê uma ligação entre as duas cidades numa hora e quinze minutos, com paragem possível em Leiria, Coimbra, Aveiro e Vila Nova de Gaia.

O desenvolvimento de projeto e construção da primeira fase (Porto-Soure) está previsto para os intervalos entre 2024 e 2028, e o Soure-Carregado (a ligação a Lisboa terá desenvolvimento posterior) entre 2026 a 2030.

Concretamente, o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP) Carlos Fernandes estimou que a construção arranque entre o final de 2025 e início de 2026, “se tudo correr normalmente, como tem estado a correr”, disse hoje aos jornalistas.

Paralelamente, está também a desenvolver-se a ligação Porto-Vigo, dependente da articulação com Espanha, com nova ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro e troço Braga-Valença até 2030.

 
Total
0
Partilhas
Artigos Relacionados
x