Encontrada ‘pen’ com dados pessoais de agentes das ‘secretas’ no gabinete do chefe de gabinete do ex-primeiro-ministro

Procuradoria-Geral da República abriu inquérito por violação de segredo de Estado
Vítor Escária. Foto: DR

 A Procuradoria-Geral da República confirmou hoje que o Ministério Público abriu um inquérito por violação de segredo de Estado na sequência da apreensão, no processo Operação Influencer, de uma ‘pen-drive’ com uma lista de agentes dos serviços de informações.

A revista Sábado noticiou hoje que em novembro de 2023 foi apreendida num cofre no gabinete de trabalho Vítor Escária, antigo chefe de gabinete do ex-primeiro-ministro António Costa, uma ‘pen-drive’ com a identificação e outros dados pessoais de centenas de agentes do Serviço de Informações e Segurança (SIS), Serviço de Informações Estratégicas e Defesa (SIED), Polícia Judiciária (PJ) e Autoridade Tributária (AT).

“Confirma-se que, relativamente aos factos agora noticiados, foi instaurado inquérito, em novembro de 2024, no DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal]”, referiu, questionada pela Lusa, fonte oficial da Procuradoria Geral da República (PGR), acrescentando que a investigação se encontra em segredo de justiça.

Segundo a Sábado, Vítor Escária alega que desconhecia o conteúdo da pen-drive e que esta chegou ao Palácio de São Bento com o anterior chefe de gabinete.

O advogado de António Costa disse hoje à Lusa, que o ex-primeiro-ministro, atual presidente do Conselho Europeu, desconhece “em absoluto do que se trata”.

“Em momento algum foi o meu constituinte confrontado com a existência desta alegada pen ou com o seu conteúdo, desconhecendo em absoluto do que se trata”, afirmou João Lima Cluny.

A operação Influencer levou no dia 07 de novembro de 2023 às detenções de Vítor Escária, do advogado e consultor Diogo Lacerda Machado, dos administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas. São ainda arguidos o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba, o ex-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado João Tiago Silveira e a Start Campus.

O processo foi entretanto separado em três inquéritos, relacionados com a construção de um centro de dados na zona industrial e logística de Sines pela sociedade Start Campus, a exploração de lítio em Montalegre e de Boticas (ambos distrito de Vila Real), e a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines.

O antigo primeiro-ministro, António Costa, que surgiu associado a este caso, foi alvo da abertura de um inquérito no Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, situação que o levou a pedir a demissão do cargo. Com a saída do cargo e a consequente perda de foro especial para investigação, o processo relativo ao ex-governante desceu ao DCIAP.

Os arguidos têm negado a prática de qualquer crime.

 
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