Empresários do Minho debateram ética com políticos

Foto: AE Minho

A Associação Empresarial do Minho (AEMinho) debateu, durante um jantar no Bom Jesus, em Braga, a questão da ética com políticos de diversos quadrantes, centrando a reflexão no impacto dessa temática na economia, auscultando as sugestões dos políticos e dos agentes económicos.

“Considerando a ética uma temática que, relacionando-se com a economia, está intimamente ligada às suas preocupações, a AEMinho trouxe a debate esta questão, o que se justifica, em primeiro lugar, serem as empresas os agentes económicos mais dinâmicos do nosso quadro macroeconómico e, segundo, porque as empresas são afetadas de forma muito direta pelas políticas económicas e financeiras que são seguidas pelo Estado”, considerou, a O MINHO, o presidente da AEMinho, Ricardo Costa.

O empresário destacou que o intuito da “instituição não é, nem nunca vai ser, assumir-se como agente político”.

“A AEMinho assegura o seu propósito de tentar firmar arestas para a construção de um país mais estável e previsível”, disse.

O painel de discussão trouxe as opiniões de Sérgio Sousa Pinto (deputado PS), Carlos Guimarães Pinto (deputado da IL), Ana Gomes (jurista e política), Adolfo Mesquita Nunes (vice-presidente da Galp) e Camilo Lourenço (este já enquanto moderador).

A duração dos mandatos eleitorais

Nos aspetos centrais do debate, surgiu o ponto de vista trazido pela vereadora da Câmara de Braga, Olga Pereira, sobre a duração dos mandatos eleitorais, abrindo a porta para o debate sobre os ciclos políticos: os ciclos políticos têm uma relação direta com os calendários eleitorais, com mandatos de quatro anos em três ciclos máximos, isto no caso das autarquias.

“Seria importante pensar naquilo que de facto é possível mudar numa cidade em quatro anos”, segundo a vereadora, para quem é de repensar a perspetiva da limitação dos mandatos: “Um modelo de seis anos limitado a dois ciclos, mantendo o horizonte temporal de doze anos, mas garantindo-se que o caderno eleitoral fosse estendido e em tempo útil de governança”

A remuneração dos políticos

Sobre a remuneração dos políticos, concluiu-se que é necessário “uma remuneração adequada” para haver “políticos competentes”, após a questão: “Será que pagamos hoje o suficiente para que um gestor de topo queira assumir funções enquanto ministro?”.

Na discussão surgiram então dois pontos de vista: uma visão economicista que garante que os rendimentos têm de ser mais altos para garantir maior competência nos cargos e, sobretudo, aceitação de exposição mediática”.

“Há também uma visão dogmática, em que se assume que, em Portugal, há falta de consciência coletiva sobre o que é serviço público, o serviço público deve ser pensado como um serviço prestado ao país e não como veículo para ganhar dinheiro, mas para tal, provavelmente será necessário repensar a profissão de político de carreira, porque objetivamente o político de carreira terá de ser remunerado para conseguir subsistir”, também de acordo com as conclusões da Associação Empresarial do Minho.

A falta de ética na administração pública

Sobre a questão porque a administração pública nem sempre é célere ou transparente, conclui-se que “o escrutínio é avassalador e não há quase nenhum tipo de verificação de facto”.

“Nós vivemos a verdade do momento e não a verdade pura, mas com o escrutínio desenfreado, sem verificação séria dos factos, a administração pública passou a enveredar por um caminho mais simples: a não-ação”, nota a conclusão saída de um jantar na Casa de Chá, no alto do monte do Bom Jesus.

“A nível de credibilidade das próprias instituições, o ponto central da ética debate-se na questão de termos um Governo com uma série de escândalos associados, sendo, portanto, um Governo pouco credível do ponto de vista público e isso torna-se um problema sério para a Economia porque na verdade a falta de credibilidade de um país constitui um fator de desaceleração do investimento e estagnação da captação de investimento externo”, debateu-se ao longo do jantar-debate da AEMinho.

“Mas, então, o que é a Ética atualmente?”

Acerca da questão sobre “O que é a Ética atualmente”, concluiu-se ser “um conjunto de dogmas, princípios e fatores definidos e escritos por alguém” e, para os oradores, “hoje a ética tem um vínculo direto com a perceção, pois para um político, sendo que a ética é a perceção que o público tem sobre aquilo que ele faz”, ou por outras palavras, “a ética é a perceção pública daquilo que é certo ou errado, isto assumindo que, em democracia, temos de aceitar a vontade da maioria, é necessária reflexão profunda sobre a nossa sociedade e as suas perceções sobre o certo e o errado”, conclui-se no debate promovido pela AEMinho.

 
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