O setor dos parques de diversões infantis indoor, para festas de aniversário, está há 10 meses encerrado. Os empresários desesperam e queixam-se da ausência de respostas e soluções para a reabertura, por parte da tutela. “Estou há 10 meses proibido de trabalhar, já nem sei mais o que fazer”, afirma Rui Santos, proprietário do HakaFesta, em Barcelos.
“Desenvolvi um problema de saúde em junho, devido a esta incerteza. Estamos a ser ignorados. O meu negócio normalmente faturaria 100.000 euros, este ano vai faturar 10 mil. As moratórias ao banco vão terminar, há anualidades para pagar, como os seguros, a Sociedade Portuguesa de Autores, as telecomunicações, a renda e eu não sei quando vou poder abrir as portas do meu parque”, expõe.
Desesperado com esta situação, o empresário, que já tentou comunicar com diversas instituições, como a DGS ou o Ministério da Economia, mas as respostas, lamenta, foram nenhumas, ou pouco claras.
Rui Santos já tentou de tudo para solucionar o problema: “Fiz três propostas ao senhorio e não recebi nenhuma resposta, acabei por pedir a moratória ao banco. Implementei um conjunto de medias sanitárias no meu parque para nada, porque não posso abrir. O meu parque tem 500 m2, pago 1.250 euros de renda. As crianças são a faixa etária que menos risco comporta. Consigo ocupar o espaço com 80 crianças, peço que me deixem abrir com 20”.
O Governo anunciou um apoio de 12.000 euros, a cada seis meses, durante o próximo ano, para os empresários do sector. Rui Santos não encontra no apoio uma resposta: “Serve para pouco ou quase nada. Eu não sei quando vou poder começar a trabalhar e as contas acumuladas deste ano vão acabar por ser pagas, juntamente, com as do próximo. Para que me servem 12.000 euros a cada seis meses?”.
O negócio, com 4 anos, pode estar perto do fim, se não for apresentada uma solução. “Esta não resposta é altamente desgastante, somos invisíveis”, afirma, esgotado, Rui Santos.
A história repete-se por todo o país
São centenas de parques de diversões infantis que por todo o país partilham o desespero de Rui Santos. André Resende proprietário da Hello Park, em Lisboa, e responsável pela associação de empresários do setor, gerada durante a pandemia, afirma a O MINHO: “Existe pouco cuidado por parte das entidades competentes, a diferença de tratamento entre o nosso e outros setores é clara”.
“É necessário a aceitação de um determinado risco, para a retoma dos nossos negócios. Podemos trabalhar em bolha, como as escolas e fazer festas com as turmas. Precisamos de soluções”, acrescenta.
Segundo o empresário, a DGS apresentou-se aberta ao diálogo, mas depois ignorou-os. O secretário de estado João Torres ouviu-os, mas nada mudou. “Apenas eu, em 2019, entreguei ao Estado um bolo de 150.000 euros, quando preciso o Estado entrega-me pouco, ou nada”, critica.
“Somos um setor minorado à insignificância. Até as discotecas puderam abrir durante o verão, mesmo com o negócio desvirtuado, nós estamos há 10 meses obrigados a estar fechados e todas os caminhos nos foram vedados”, afirma o presidente da associação, que conta já com 80 empresas.