Insultava a companheira, batia-lhe, humilhava-a e forçou-a a ter relações sexuais. Um antigo empresário, de 40 anos, da Póvoa de Lanhoso, mas residente nas Caldas das Taipas, em Guimarães, está a ser julgado no Tribunal criminal da Póvoa de Lanhoso pelo crime de violência doméstica.
A acusação diz que ele lhe causou grande “sofrimento físico e psiquíco, humilhando-a e fragilizando-a na sua dignidade humana”. E enumera várias situações concretas, ocorridas de 2012 a 2020, o período em que – com exceção de 2014 – viveram em união de facto.
Perante o juiz, o arguido negou os supostos crimes de violência, admitindo apenas as ameaças e o teor insultuoso de algumas mensagens telefónicas.
As testemunhas que arrolou tentaram passar a versão de que era ela quem era conflituosa, provocando, amiúde, o ex-companheiro.
Já a arguida, também empresária, quis demonstrar a veracidade da tese de violência, defendida pelo Ministério Público, o qual diz que a primeira discussão entre os dois se prendeu com o facto de os filhos dela terem molhado o chão da casa com pingos de água da piscina.
À bofetada
“Parva, estúpida, não lhes dás educação!”, disse-lhe o arguido, intimando-a a sair: “Daqui para fora! Saiam da minha casa!”, gritou-lhes, após o que, pegou nos pertences dela e atirou-os para a rua.
De seguida, e enquanto ela metia os pertences no carro e ele empurrou-a e deu-lhe bofetada na cara. Aí – continua a acuação – vendo que a mãe estava a ser agredida, o filho mais velho dela saiu em sua defesa, dizendo: filho da p…!, Não bates na minha mãe..! Ao que o alegado agressor respondeu: filho da p és tu! E deu-lhe uma bofetada. Nesse momento, a mãe interpôs-se entre os dois e ele agrediu-a e deu vários pontapés no carro”.
Perdoa-me!
Na sequência do primeiro ato violento, ela regressou à Póvoa de Lanhoso. Só que, ele encontrava-a na rua e dizia-lhe que queria falar com ela; “peço desculpa, não volta a acontecer, volta pra mim, eu amo-te!”
Assim, nove meses depois reataram a relação e ela permitiu que ele a filmasse nua e em atos sexuais. O que ele usou para a chantagear.
E os insultos prosseguiram: “Burra! Não vales merda nenhuma!”, dizia-lhe chamando-lhe também puta e vaca!”
Tempos depois, ela foi a Lisboa em trabalho. Aí, ele foi buscar o filho dela à escola e aproveitou para a ameaçar: “volta depressa, vais ver o que acontece ao teu filho!”
Mais agressões
Dias mas tarde, agrediu-a com murros, pontapés, empurrões e puxões de cabelos, causando-lhe dores fortes; agressões que se deviam ao facto de ela não querer financiar algum dos projetos dele, que, entretanto, entraram em insolvência. Em certas ocasiões, quando ela estava pronta para sair para reuniões de trabalho, ele, desagradado, pegava nela ao colo e atirava-a para a piscina.
Em 2016, em casa, agrediu-a a murro e a pontapé e forçou-a a ter relações sexuais, causando-lhe uma laceração vaginal que teve de ser tratada no Hospital.
A certa altura, começou a querer controlar-lhe os negócios e a exigir que se distanciasse dos familiares… Sempre que ela dizia que iria queixar-se à GNR, ele respondia que tinha tudo controlado pois era amigo do comandante.
Em janeiro de 2020, a vítima foi a Moçambique em trabalho e disse ao arguido que iria fazer obras em casa, pedindo-lhe para sair. Tempos depois ele estava a fazer obras na sua antiga residência, que ela comprara. Ela entrou e pisou, distraída, o cimento fresco…ele, enraivecido, pô-la fora, atirou-a ao chão e insultou-a dizendo-lhe: “a casa não é tua!”
E voltou às ameaças: “tem cuidado e os teus filhos também! Vou-te destruir e colocar sem nada”.