Empresário chinês mandou incendiar prédio no Porto e vendeu-o após ser preso

Uma pessoa morreu
Empresário chinês mandou incendiar prédio no porto e vendeu-o após ser preso
Foto: Imagens CMTV

O empresário chinês que mandou atear em 2019 dois incêndios a um prédio do Porto, um dos quais fez um morto, conseguiu favorecer os seus intuitos de especulação imobiliária mesmo depois de preso, afirma o Ministério Público.

Acabou por vender o imóvel quase pelo dobro do valor de compra, com um lucro superior a meio milhão de euros, quando já estava preso preventivamente à ordem do processo, relata o processo.

Comprou-o por 645 mil e vendeu-o por 1,2 milhões de euros, acrescenta a acusação da 10.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto, que imputa ao empresário seis crimes de homicídio qualificado (um consumado e cinco tentados), dois de incêndio (um consumado e outro tentado), um de extorsão tentada e outro de branqueamento de capitais.

O processo tem mais cinco arguidos, incluindo a mulher do empresário e a empresa de ambos, associadas a branqueamento de capitais, bem como três portugueses, acusados por crimes como homicídio consumado ou tentado e extorsão.

O negócio de venda do imóvel foi efetivado pela mulher do empresário, mandatada para o efeito, sendo detetado depois de o Millennium BCP ter comunicado às autoridades suspeitas de branqueamento de capitais, levantadas pelas ordens do casal de transferência duas tranches, de 300 mil euros cada, para contas na China.

O prédio em causa situa-se no número 100 da Rua Alexandre Braga, junto ao Mercado do Bolhão.

O empresário tinha celebrado um contrato de compra e venda, que o obrigava a entregar o imóvel vazio até 31 de maio de 2019, mas uma das frações, no 3.º andar, estava ainda ocupada por uma mulher de 88 anos e filhos, detentores de um contrato de arrendamento de duração ilimitada.

Ora, diz a acusação do DIAP, “o não cumprimento deste contrato e a não entrega do prédio livre de pessoas e bens implicaria, para o empresário chinês e para a sociedade que representava, “um prejuízo de pelo menos 320 mil euros, tendo em conta o valor do sinal”.

Daí que o empresário tenha avançado para negociações com os inquilinos, que se goraram, e depois com a contratação de pessoas ligadas à noite do Porto para, “através da intimidação e ameaça”, os obrigar a procurar outro alojamento.

“Vocês vão sair a bem ou mal”, terão ameaçado, citados na acusação.

Em 23 de fevereiro de 2019, “na execução do planeado” pelo empresário e os seus contratados, foi ateado o primeiro fogo ao prédio, que “teve uma fraca evolução (…) por motivos alheios à vontade dos arguidos”.

Em 02 de março seguinte, o empresário chinês mandou “atear outro fogo ao edifício e matar os seus ocupantes”.

“Os pontos de início do incêndio localizaram-se junto à porta de acesso ao 3.º piso, o único habitado”, descreve o DIAP.

Os bombeiros resgataram três dos ofendidos, incluindo a octogenária, mas um outro foi encontrado um dia depois, carbonizado, nas águas-furtadas do prédio.

O empresário chinês, principal protagonista deste caso, “estava determinado em desocupar o imóvel pelo fogo e pela morte dos seus habitantes para a obtenção de um maior enriquecimento”, conclui o despacho do DIAP.

O Jornal de Notícias, que sintetiza hoje a acusação, refere que o empresário chinês chegou a oferecer 10 mil, 15 mil e até 40 mil euros à família da octogenária que se matinha no prédio há 50 anos e que pagava uma renda mensal de 53,28 euros.

 
Total
0
Shares
Artigo Anterior
Exportações aumentam 8,6% e importações crescem 1,3% em novembro

Exportações aumentam 8,6% e importações crescem 1,3% em novembro

Próximo Artigo
"autoridade tributária não fica com dinheiro que não seja devido” na restituição do imposto único de circulação

"Autoridade Tributária não fica com dinheiro que não seja devido” na restituição do Imposto Único de Circulação

Artigos Relacionados