O presidente da SAD do Desportivo das Aves, Wei Zhao, acusa a construtora Engimov, com sede em Vila Verde, de ter recebido mais de 1,5 milhões de euros para construir um centro de estágios em Santo Tirso e não ter terminado o serviço, construindo apenas um campo sintético.
No local, que já deveria ser um centro com unidade hoteleira de 50 quartos com outros dois campos de futebol, vê-se apenas um terreno de mato cercado por chapas.
Em declarações ao jornal Público, o investidor chinês diz sentir-se defraudado, por já ter investido metade do valor total da obra (cerca de 3,6 milhões) e a mesma estar parada.
“Não há nenhuma justificação para o que está feito e o dinheiro que foi pago. Conheci outros clubes que fizeram centros de estágios, que não gastaram nem de perto o dinheiro que gastei até ao momento e a obra já está feita. Estava previsto ter sido inaugurado há muito tempo”, disse àquele jornal.
Segundo o presidente da Engimov, Tomás Barbosa, residente em Freiriz, Vila Verde, as obras pararam por uma alegada dívida de 400 mil euros que não foi paga. Mas Wei Zhao não compreende.
“Esta empresa facturou muito mais do que realizou e ainda quer receber mais”, disse.
“Não precisava de consultar ninguém para adjudicar a obra”
Luiz Andrade, presidente do clube na altura em que a Engimov foi contratada, admite ter escolhido aquela empresa sem qualquer concurso público. “Escolhi a Engimov porque era a proposta mais barata. Sei lá se foram ou não consultadas mais empresas. A SAD do Desp. Aves era uma empresa particular e eu não precisava de consultar ninguém para fazer uma obra”.
Justifica ainda a escolha da empresa de Vila Verde por ter gostado de uma obra que a mesma realizou numa casa particular que o antigo presidente detinha em Cascais. O presidente saiu da SAD no verão de 2018 e refuta qualquer responsabilidade por a obra estar agora parada.
Segundo o relatório e contas da SAD do Aves, a Engimov já recebeu 1,5 milhões de euros, mas em nenhum local existirá relatórios do avançar das diferentes fases das obras.
Empreiteiro fala em faturas por trabalhos a mais
Tomás Barbosa, presidente da construtora, alega que as obras estão paradas por causa de um incumprimento de pagamento do Aves, no valor de 400 mil euros. E justifica o montante.
“O que aconteceu é que eles não pagaram e nós parámos a obra. Há mais de um ano. Mas houve várias paragens por falta de pagamento e começaram logo no início da obra”, disse ao Público.
“Houve várias faturas por trabalhos a mais, outras por trabalhos de paragem de obra, pela retoma de obra novamente e outros custos”, justificou
“Tivemos alguns problemas, nomeadamente a mudança do curso de um riacho, que não estava inicialmente contabilizado. Não tinha havido um levantamento topográfico. O orçamento foi feito sem esse estudo”, acrescentou.
“Construímos muros de vedação, muros de suporte de terra e muitas coisas. Tivemos de fazer uma impermeabilização ao terreno, que era um charco de água. Foram aparecendo imprevistos que dificultaram as obras”, vincou.
Mas o presidente da SAD do Aves considera-se enganado em todo este processo e assegura que os serviços jurídicos do clube vão avançar com um processo na justiça.