Empresária de Braga julgada por burla pede para não ir presa para pagar aos lesados

“Estou a trabalhar com muito esforço para pagar a todos os clientes que foram lesados pela minha empresa!” Foi assim que a empresária bracarense Daniela Costa assumiu perante o Tribunal de Braga a “responsabilidade” pelos danos causados a dois clientes da imobiliária que ostentava o seu nome e de quem recebeu 20 mil e cinco mil euros, respetivamente, como sinal de compra de apartamentos, operação que nunca se concretizou sem que lhes tenha devolvido o dinheiro.

A empresária salientou que, para poder pagar aos lesados “precisa de trabalhar”, ou seja, deixou subentender, não pode ir presa.

A arguida falou na sequência de uma decisão do Tribunal da Relação de Guimarães que ordenou que fosse ouvida no processo, seguindo-se novo acórdão, substituindo o que a condenara em 2022 a três anos e seis meses de prisão efetiva. Nesse ano foi, ainda, sentenciada em Braga a uma pena de seis anos e cinco meses de prisão, por seis crimes de abuso de confiança qualificado e um de desobediência, pena já confirmada pela Relação mas de que recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça.

Na última quinta-feira, reconheceu a culpa nos dois crimes de burla e um de abuso fiscal (fuga ao IVA)de que está acusada, mas salientou que esteve ausente da firma durante meses, por doença do foro oncológico, tendo sido – disse – nesse período e na sua ausência que se praticaram as burlas.

Seguiram-se as alegações finais do processo: o Ministério Público disse que a confissão da arguida em nada altera os factos pelo que pediu a mesma pena, ou seja, a condenação que lhe fora aplicada antes. Posição seguida pelas advogadas dos dois queixosos – uma delas, mãe e filha de nacionalidade brasileira a quem ficou com 20 mil euros – que sublinharam que ainda não pagou nada aos lesados. O seu defensor evocou a confissão e o arrependimento e o facto de “estar a pagar” aos burlados, pelo que pediu a redução da pena.

Paguei cinco mil esta semana

No final da sessão, O MINHO falou com a arguida, a qual, na presença do seu advogado Hugo Silva, garantiu que tem pago, pouco a pouco, aos credores: “a situação está difícil em termos de trabalho, não consigo ganhar muito dinheiro, mas vou ressarcindo os lesados e ainda esta semana liquidei cinco mil euros a um deles”, disse.

A empresária reconheceu, no entanto,que ainda tem inquéritos pendentes em investigação no Ministério Público – um deles de uma imigrante angolana que se queixa de ter ficado sem sete mil euros: “se me deixarem trabalhar pago a toda gente”, insistiu.

 
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