Empresa que derramou óleo em ribeiro de Viana pede insolvência

Emprega 35 trabalhadores

O presidente da Junta de Freguesia de Lanheses, em Viana do Castelo, disse hoje que a Recial, empresa responsável pelo derrame de 10 mil litros de óleo num efluente do rio Lima, requereu a insolvência com plano de recuperação.

Contactado pela agência Lusa, Filipe Rocha adiantou que a informação lhe foi transmitida, hoje, por Rui Pinheiro, um dos administradores da empresa de transformação de sucata em lingotes de alumínio, instalada desde 2008 no parque empresarial daquela freguesia, num investimento de quatro milhões de euros, e que atualmente emprega 35 trabalhadores.

“Disse-me que há um pedido de insolvência com recuperação. Não sou especialista nesta matéria, mas do que sei há a possibilidade de se chegar a acordo com entidades financeiras para a execução de um plano de recuperação da empresa”, afirmou o autarca.

A agência Lusa contactou Rui Pinheiro, mas ainda sem sucesso.

Filipe Rocha referiu ter contactado o administrador Rui Pinheiro, depois de ter sido informado de que a “laboração parou e que os trabalhadores foram dispensados, por tempo indeterminado”.

Contactado pela Lusa, o diretor da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), Joaquim Silva, disse desconhecer a situação e adiantou que vai ser iniciada uma investigação à situação contratual dos trabalhadores”.

Filipe Rocha, que disse ter informado a Câmara de Viana do Castelo desta situação, acrescentou que, neste momento, “não é líquido que a fábrica encerre definitivamente e que os postos de trabalho não possam vir a ser recuperados, se o plano de recuperação vier a resultar”.

“O administrador não especificou o período de paragem da laboração, mas afiançou que nos próximos tempos não seria retomada. Referiu existir alguma incerteza relativamente ao futuro. Se a empresa e as entidades financeiras que vão estabelecer o plano de recuperação chegarem à conclusão de que não é viável, provavelmente há mesmo encerramento. Neste momento, está tudo em aberto”, apontou.

À Lusa a vereadora do Ambiente disse não ter conhecimento da situação.

Relativamente ao “maior acidente” ambiental de que há memória na freguesia, que ocorreu no final de fevereiro, Filipe Rocha disse manter a “mesma preocupação enquanto a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) não garantir que a recuperação foi integral”.

Em causa está a poluição com 1,5 quilómetros de extensão, entre o ponto do derrame, a empresa instalada no parque empresarial de Lanheses e, o rego da Peitilha, que desagua no rio Lima.

Na altura, à Lusa, o administrador da empresa de transformação de sucata em lingotes de alumínio, Rui Pinheiro, justificou o acidente com a rutura da tubagem que conduz o combustível pelo interior da empresa.

Posteriormente, apontou que na origem do acidente esteve “um erro de conceção do sistema que conduz o combustível, muito próximo da rede de águas pluviais” e a “negligência da equipa de manutenção” que não interveio mais prontamente para travar o derrame.

Rui Pinheiro sublinhou também que a empresa “além de ser ambientalmente certificada, está sujeita às melhores práticas europeias, quer no tratamento do fumo, quer dos resíduos” e que “emprega funcionários que trabalham nesta área de negócio há mais de 30 anos”.

“Nós nunca fomos bem vistos, mas temos uma atividade muito nobre. É de risco, é. Transformamos sucata em lingote de alumínio. Se não houvesse empresas a fazer este tipo de transformação as sucatas estava nos aterros, a contaminar as terras. Pode dizer-me que precisamos de uma fábrica ainda melhor, precisamos, mas que a nossa atividade tem uma nobreza muito grande tem. Somos uma empresa líder neste setor, em Portugal”, insistiu, na altura.

Segundo o responsável a Recial produz 12 mil toneladas de lingotes de alumínio por ano, sendo que nos 12 anos de laboração no parque empresarial de Lanheses já produziu 144 mil toneladas de lingotes, tendo tratado de 200 mil toneladas de sucata”.

Hoje, o autarca de Lanheses disse que “a empresa responsável pela descontaminação deu o seu trabalho por concluído” e que o relatório deste caso “já foi remetido à APA”.

“Temos de aguardar a perícia técnica da APA e conclusão da agência tutelada pelo Ministério do Ambiente, relativamente à descontaminação ou não da zona atingida. A preocupação mantém-se até que esse relatório nos diga se está tudo bem”, disse.

O autarca garantiu que não vai desistir de exigir a recuperação integral da zona afetada.

“A Junta de Freguesia não pode e não deve nunca desistir, por que não é justo para a comunidade. Se faltar alguma coisa terá de ser feita. Se a empresa entrar em insolvência terão de ser entidades públicas a assumir esse ónus”, assegurou.

Segundo a informação prestada pelo administrador da Recial ao presidente da Junta de Freguesia de Lanheses o pedido de insolvência com plano de recuperação terá dado entrada esta semana.

A Lusa consultou o portal Citius, mas não encontrou o processo em causa.

 
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