A empresa Lacticínios Marinhas, de Esposende, foi galardoada como Produtor Artesanal pelos seus queijos e pela sua manteiga, na secção gastronómica dos prémios “Os Melhores do Ano 2020”, pela Revista de Vinhos.
A distinção integra a 24.ª edição da iniciativa organizada por aquela publicação especializada, detida pelo grupo Essência do Vinho, para premiar todos os anos diferentes agentes do setor e da restauração.
Devido às restrições impostas pela covid-19, os 24 prémios atribuídos este ano foram anunciados através de uma emissão especial online gravada antecipadamente e difundida na noite desta quinta-feira nas redes sociais da Revista de Vinhos (ver aqui), em vez do habitual jantar de gala.
A organização destaca que a manteiga produzida na empresa minhota já foi considerada por uma publicação internacional, a Wallpaper, como uma das “13 melhores do mundo”.
Fundada há 66 anos por empresários do Porto, esta empresa familiar produz queijo e manteiga de forma 100% artesanal, e mantém-se sob administração da mesma família desde 1954.
Bárbara Ferreira, representante da empresa que recebeu o prémio, contou que a empresa inicialmente apenas fabricava queijo, apesar de hoje em dia ser ‘famosa’ pela manteiga.
“A manteiga veio como consequência de não desperdiçar a nata que saía do queijo. Na altura não tinha muita expressão e de repente houve um ‘boom’ e ,neste momento, é a estrela da empresa”, afirmou.
Personalidade do Ano no Vinho
Mas o destaque destes prémios foi para o enólogo Domingos Soares Franco, que soma 40 vindimas e 39 anos na empresa da sua família, a José Maria da Fonseca. Foi distinguido com o Prémio Personalidade do Ano no Vinho.
A revista descreve Domingos Soares Franco como um “nome incontornável a enologia” portuguesa, “dos mais conhecedores das tendências internacionais, que tanto pode assumir o blend de um moscatel fortificado extraordinário como surpreender-nos com um vinho sem álcool”.
Homenagem
O Prémio Homenagem foi para os irmãos António e Roberto Guedes, que dirigiram a Quinta da Aveleda até 2013 e contribuíram para que esta “uma das principais empresas portuguesas do vinho, ao faturar 39 milhões de euros anuais em resultado da produção de 19 milhões de garrafas”.
Vinho e produtor
Casa da Passarella Vindima 2009 foi eleito Vinho do Ano, sendo este um tinto proveniente da Região do Dão, a empresa Fita Preta recebeu a distinção Produtor do Ano e o Prémio Produtor do Ano foi para Frederico Machado e Ricardo Alves, da Arribas Wine Company, que faz vinhos em Mogadouro, no Planalto Mirandês.
Enólogo revelação
O Enólogo Revelação é Tiago Sampaio, Filipa Pato, “autora de alguns dos mais entusiasmantes vinhos da Bairrada da atualidade”, venceu a categoria Enóloga do Ano e o projeto Vila Oeiras, do município local e que “resgatou da previsível extinção o vinho fortificado de Oeiras”, foi considerado Produtor de Vinhos Fortificados do Ano.
O produtor Quinta do Crasto, do Douro, investiu um projeto que visa identificar e preservar castas ameaçadas e isso permitiu “a reposição de videiras mortas por variedades geneticamente idênticas, “o que lhe valeu o Prémio Inovação/Investigação.
Chef de cozinha
Ljubomir Stanisic é o Chef de Cozinha do Ano, “por ter sido uma das vozes mais escutadas do setor”, tendo sido o rosto do Movimento “Sobreviver a Pão e Água” que se destacou pelos seus protestos em finais de novembro de 2020, e porque semanas depois o seu restaurante, 100 Maneiras, em Lisboa, recebeu a primeira estrela Michelin.
Restaurante do ano
O Solar dos Presuntos, também de Lisboa, ficou com o prémio Restaurante do Ano graças à sua cozinha de raiz tradicional com “uma atitude vanguarda” e o Vila Foz, do Porto, recebeu a distinção Restaurante com Melhor Serviço de Vinhos.
A cerimónia formal Os Melhores do Ano deste ano foi montada durante dois dias de gravações no Palácio da Bolsa, no Porto, e os premiados estiveram presentes. “Não quisemos deixar de premiar o mérito de quem está no vinho e na gastronomia, mais ainda por 2020 ter sido um ano muito difícil”, disse à agência Lusa Nuno Pires, da Essência do Vinho.
O gestor salienta que os prémios são “uma recompensa” para o setor vinícola que se mostrou “resiliente e dinâmico, apesar de tudo, até porque as exportações cresceram e os produtores nacionais reinventaram-se organizando muitas provas e conquistando novos mercados, o que é fabuloso”.