Empresa de calçado não consegue comprar terreno em Guimarães para investimento de 10 milhões

AMF Safety Shoes

A empresa de calçado vimaranense AMF Safety Shoes não consegue encontrar um terreno em Guimarães para construir uma nova fábrica, cujo investimento é estimado em mais de 10 milhões de euros. O patrão, Albano Miguel Fernandes, culpa a “especulação imobiliária surreal e estúpida” e procura alternativas fora da cidade berço.

Segundo o Jornal de Negócios, a AMF, sediada em Tabuadelo, Guimarães, passou os tempos de pandemia à procura de um terreno de 40 mil metros quadrados no concelho. Como não conseguia encontrar um terreno perto da sede, ainda chegou a comprar um terreno noutro local, segundo Albano Miguel Fernandes, “por cerca de um milhão de euros e que recebeu a aprovação da autarquia para a construção da fábrica, mas que foi rejeitada a nível central”.

“A inexistência de terrenos em Guimarães a um preço comercialmente aceitável para a laboração industrial torna mais difícil encontrar uma solução”, lamenta o empresário em declarações àquele jornal económico.

“Estamos sujeitos a uma especulação imobiliária surreal e estúpida em Guimarães”, critica Albano Miguel Fernandes, acrescentando: “Enquanto em Vila do Conde consigo comprar terrenos a 20 ou 30 euros o metro quadrado, aqui estão a pedir mais de 300 euros”.

A Aloft, em Vila do Conde, empresa com participação dos patrões da AMF, vai acoplar um uma nova unidade fabril, num investimento de 6,5 milhões de euros. Albano Miguel Fernandes diz que este investimento em Vila do Conde também se deve ao facto de AMF não conseguir expandir-se devido à “escassez de terrenos industriais” em Guimarães.

“Aliás, a aquisição da Aloft em 2015 foi consequência também das dificuldades de a AMF poder crescer em Guimarães, para onde estavam inicialmente previstos os investimentos que estamos a fazer em Vila do Conde”, reforça Albano Miguel Fernandes ao Jornal de Negócios.

PSD critica “insucesso da política económica” da Câmara

Entretanto, o PSD de Guimarães  reagiu em comunicado. O presidente da concelhia social-democrata, Ricardo Araújo, considera que esta notícia é “mais um exemplo do insucesso da política económica do Município de Guimarães”.

“Infelizmente andamos há muito anos a alertar para a perda de atratividade do nosso concelho, que em grande medida se deve à ausência de atuação da Câmara em criar condições para atrair investimento e apoiar as empresas locais a expandirem os seus negócios”, critica o social-democrata.

O PSD, salienta o comunicado, tem “criticado sucessivamente a Câmara e o PS por não criarem parques industriais e zonas específicas para implantação e expansão das empresas e infelizmente o resultado é este, perda de investimento e perda de postos de trabalho”.

“Ainda recentemente na reunião do executivo municipal, em resposta a uma intervenção do Vereador do PSD Bruno Fernandes, o presidente de Câmara e a vereadora do Urbanismo afirmavam que não faltavam espaços para implantação de empresas e que nenhuma deixava de investir em Guimarães por falta de espaço”, refere o comunicado, acrescentando: “Infelizmente a triste realidade do nosso concelho é esta que vem hoje retratada na imprensa nacional e que contraria as declarações do presidente da Câmara e da sra. vereadora, que parecem viver num cenário de realidade virtual e aumentada”.

Para Ricardo Araújo, a “Câmara de Guimarães há muito que devia ter requalificado os nossos parques industriais e investido na criação de novas zonas de implantação industrial, com boa acessibilidade”.

 
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