O Grupo DST, de Braga, em parceria com a Associação Paisagem Periférica, vai levar a iniciativa cultural “Consultas Poéticas” ao Estabelecimento Prisional de Guimarães na próxima quinta-feira, Dia Mundial do Teatro.
Depois do “sucesso da edição anterior” na Cruz Vermelha de Braga, que contou com mais de 60 participantes, a iniciativa regressa com o mesmo objetivo de “criar um espaço de partilha e reflexão através da arte, desta vez num contexto prisional”.
“Fui convidado para fazer uma palestra no Estabelecimento Prisional de Guimarães. Fui falar de esperança e na possibilidade de uma vida melhor. No fim da palestra leram-me dois poemas. Não tive dúvidas do acolhimento que teriam para o projeto consultas poéticas, para que, a partir da música, do teatro, da poesia e da dança se possam encontrar consigo, adicionando novos caminhos que levam ao trabalho da esperança de terem uma vida melhor”, explica José Teixeira, presidente da DST, citado em comunicado enviado a O MINHO.
As “Consultas Poéticas” são – explica a DST – “momentos de diálogo profundo entre artistas e participantes, funcionando como um encontro de proximidade e escuta ativa”.
Cada sessão individual dura entre 20 a 25 minutos e culmina na entrega de uma prescrição poética, um texto pensado especificamente para cada “paciente-espectador”.
A iniciativa contará com a participação de cinco artistas que, através das suas linguagens – teatro, música e dança– irão proporcionar duas sessões ao longo do dia.
Esta edição das Consultas Poéticas acontece num contexto particularmente especial, dentro de um estabelecimento prisional, onde a arte pode ser uma ferramenta de introspeção, libertação e humanização. Quem o admite é Augusto Urjais, diretor interino desta unidade prisional: “Esta é uma atividade desenvolvida no interior do Estabelecimento Prisional de Guimarães, para reclusos privados de liberdade, mas não da poesia em movimento. A arte, e este projeto como uma pedra no muro que deve suportar o processo de mudança e a esperança que cada um carrega, para si próprio e para o seu processo de ressocialização. A arte e a poesia esbatendo a privação de liberdade. A arte e a poesia como uma prova que a condição de recluso e a periferia social não é excluída pela arte”.
Já para Filipe Fontes, voluntário no âmbito da pastoral penitenciária da diocese de Braga, considera que “a palavra é o instrumento mais poderoso na relação entre todos nós e na nossa transformação de indivíduos em pessoas. A poesia é uma forma bela de usar a palavra e, assim, tornar mais bela a relação humana e valorizar a dignidade a que todos nós temos direito como indivíduos, como pessoas, como comunidade”.
O projeto é uma criação da Associação Paisagem Periférica, com o apoio do Grupo DST.