Empreiteiro desiste da construção de polémico miradouro no Gerês

Autarquia vai lançar novo concurso público
Imagem: CM Terras de Bouro

A obra de construção de um miradouro e de uma estrutura de circulação de pessoas junto à chamada cascata de Fecha de Barjas, conhecida como Tahiti, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, concelho de Terras de Bouro, lançada em agosto, não avançou por desistência do empreiteiro.

A Câmara vai, agora, abrir novo concurso público para conseguir que a estrutura esteja pronta em abril ou maio, quando começam a chegar os turistas.

O presidente do Município, Manuel Tibo, adiantou a O MINHO que, está em curso uma negociação com a empresa de construção que venceu o concurso anterior, de forma a fazer-se um encontro de contas, dado que foi feito algum trabalho, nomeadamente o da terraplanagem e de outras pequenas intervenções para preparar a obra.

“Se não houver acordo, teremos de ir para o Tribunal Administrativo pedir uma indemnização pela rescisão, mas queremos evitá-lo”, adiantou.

O acerto de contas – explicou – “é fundamental para que se possa chegar a um preço-base no concurso a lançar: “O preço anterior era de 205 mil euros, mas, agora, o construtor que vencer não terá de fazer o que já está feito, ou seja, o custo será inferior”.

Oito meses de atraso

A obra, cujo prazo de conclusão era de 120 dias, sofreu, assim um atraso que pode chegar a oito meses.

O autarca sublinha, ainda, que, além de um miradouro para contemplar a queda de água, será criada uma nova zona de circulação, com “redes de proteção e gradeamento”, com o objetivo de aumentar a segurança dos visitantes.

“Não prescindimos da obra porque não é aceitável que continue a haver acidentes, alguns graves, entre os milhares de pessoas que a querem ver e sentir”, vincou.

O edil lembra que, em 2024, houve oito quedas junto à cascata, que provocaram cinco feridos e um morto.

“O local é íngreme e o granito escorregadio! A estrutura que ali colocaremos evitará a esmagadora maioria das quedas”, garante.

Questionado sobre as críticas ao projeto postas por associações ambientais, nomeadamente pela FAPAS-Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, que o classificam como “artificial e estranho ao Parque Nacional da Peneda-Gerês”, Manuel Tibo sublinha que a iniciativa teve a concordância de todas as entidades que regulam a vida no Parque, nomeadamente a Agência Portuguesa do Ambiente, o Instituto de Conservação da Natureza (ICNF) e o governo anterior: “aceitámos opiniões contrárias, mas a verdade é que a obra em nada belisca o Parque Nacional”.

Manuel Tibo salienta que, após das críticas da FAPAS e do partido PAN, a obra foi alvo de uma inspeção do IMAGAOT (Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território) que concluiu que estava tudo conforme com o projeto aprovado.

 
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