José Amaral, natural de Vitorino de Piães, no concelho de Ponte de Lima, queixa-se de estar a ser ignorado pelo consulado português em São Paulo (Brasil) depois de não ter sido incluído no voo especial de repatriamento fretado pelo Governo português para cidadãos que se encontrem em território brasileiro (e que aterrou ontem em Lisboa).
Em declarações a O MINHO, o emigrante explica que está há várias semanas a tentar regressar a Portugal, mas que nunca conseguiu fruto de limitações à circulação aérea que estão em vigor desde janeiro.
Explica que tem um novo trabalho em França e que necessita de se deslocar primeiro a Portugal e depois dirigir-se ao novo emprego, clamando “urgência” na saída do Brasil, onde viveu os últimos quatro anos com a esposa.
Afirma ainda que está “há cinco dias” a viver no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e que, finalmente, crê que vai conseguir viajar num avião da Air France até França e depois irá apanhar um avião low-cost de Paris até Lisboa, na próxima quarta-feira.
“Eu tenho trabalho em França à minha espera, preciso de ir primeiro a Portugal, já fiz cinco testes covid-19 pagos pelo meu bolso para tentar viajar e nunca consegui porque à última hora cancelam os voos”, afirma.
“Falei com o consulado e lá disseram que a TAP me ia contactar, mas o que me disseram da companhia aérea foi que não podia embarcar neste voo especial e para tentar resolver a situação com o consulado”, conta.
Afirma ainda que, após novo contacto com o consulado, “disseram que não era nada com eles e desligaram o telefone”.
José Amaral diz que está a ser tratado “abaixo de cão” pelas instituições portuguesas e que se sente posto de parte apesar de ser um “cidadão português e europeu”.
O MINHO tentou obter uma resposta do gabinete de apoio às comunidades portuguesas no estrangeiro, mas tal não foi possível em tempo útil.
Já do consulado português em São Paulo, foi-nos dito para contactarmos o mesmo gabinete que não nos atendeu.
O Governo suspendeu, em 27 de janeiro, os voos de e para o Brasil, uma medida “de último recurso”, que já foi prorrogada, e que o ministro Santos Silva admitiu ser necessária tendo em conta a “situação muito difícil” que se vivia em Portugal em relação à pandemia de covid-19.