Foi esta quarta-feira removido o que restava da emblemática árvore conhecida popularmente por “Eucalipto de Moure”, um ícone do concelho de Vila Verde facilmente reconhecido nos últimos 150 anos por quem passava daquele concelho para o de Ponte de Lima.
O anúncio foi feito pela Junta de Freguesia de Moure, através das redes sociais, classificando este último dia do mês de novembro como “um dia triste” para a freguesia, deixando, no entanto, a ressalva de que o resto da árvore será aproveitado para integrar a requalificação da área onde se encontrava.
“A Infraestruturas de Portugal, no culminar de um processo que já dura há vários meses, procedeu ao corte do eucalipto junto da estrada nacional 201, conhecido por todos como “eucalipto de Moure””, lê-se na publicação.
Recorde-se que, em abril de 2020, a mesma entidade tinha procedido ao corte de parte do eucalipto, deixando ficar o tronco, embora já com o aviso de que o mesmo acabaria por ter de ser também removido face ao perigo de queda.
De acordo com a autarquia, a decisão do resto da remoção resultou da avaliação realizada por técnicos especializados, os quais concluíram não haver as mínimas garantias de segurança para a manutenção do eucalipto.
E justifica com “o estado avançado de degradação das suas raízes e do próprio tronco, o que poderia levar à sua queda, constituindo assim um perigo real para pessoas e bens, acrescido pelo facto de se situar numa zona de muito movimento”.
O eucalipto estava localizado numa zona central da freguesia, com comércio, restauração, escolas e até o acesso à Igreja e ao interior da freguesia, tudo se realizava bastante perto daquela emblemática árvore. Para a população local, era o ponto de referência mais importante. Ao longo dos anos, tornou-se não só um símbolo da freguesia mas de todo o concelho de Vila Verde. É com orgulho que os populares afirmam serem necessárias 11 pessoas para abraçar o tronco.
A última referência conhecida ao eucalipto a nível científico está patente no livro “Árvores Monumentais de Portugal” de Ernesto Goes, e remonta ao ano de 1984. Nesse texto, o autor descreve a árvore como tendo cerca de 120 anos de idade, 44 metros de altura e perímetro de 9,75 metros (à altura do peito).
Em declarações a um jornalista de O MINHO, em 2017, o eurodeputado e antigo presidente da Câmara de Vila Verde, José Manuel Fernandes, lamentou que a árvore tenha “definhado”, embora admitisse que não sabia o motivo da morte do eucalipto, que foi ocorrendo ao longo dos últimos 20 anos.
O político falava a propósito de ser emigrante em Bruxelas e de como isso o fazia valorizar mais o que havia em Vila Verde, incluíndo o mítico eucalipto, o qual “gostava que nunca tivesse morrido”.
Apesar da avaliação inicial da IP, a autarquia sustenta que não desistiu e pediu “uma avaliação independente ao estado do tronco e raízes”, para “manter o eucalipto no local”, mas tal “não foi possível, uma vez que a conclusão foi a mesma: não estavam garantidas as mínimas condições de segurança”.
No entanto, a Junta revela que o tronco será “objeto de tratamento e integrará a obra de requalificação do espaço envolvente ao local onde atualmente se encontra, a qual já está em curso”.
“Cientes de que o eucalipto centenário é um símbolo da nossa freguesia, mas porque a segurança das pessoas e bens está em primeiro lugar, diligenciamos junto da Infraestruturas de Portugal para que, procedendo ao corte do tronco, o mesmo fosse deixado na nossa Freguesia para que seja calorosamente aproveitado”, destaca a autarquia.
Desta forma, espera a autarquia, seguirá “mantendo assim viva a alma desta árvore, para que continue a ser um símbolo da nossa freguesia”.