O ex-canoísta Emanuel Silva, natural de Braga, disse hoje que aceitou o desafio para presidir à Comissão de Atletas Olímpicos (CAO) para retribuir tudo o que o desporto lhe deu, querendo ser “uma voz verdadeira” na defesa dos atletas.
Na segunda-feira, Emanuel Silva, de 39 anos, foi eleito presidente da CAO, sucedendo a João Silva, que também faz parte da direção. O triatleta tinha substituído Diana Gomes no cargo, quando a antiga nadadora se tornou secretária-geral do Comité Olímpico de Portugal.
“Acabei por aceitar o desafio […]. O legado está muito alto, mas, com esta equipa, temos tudo para dar continuidade ao legado que foi deixado pela presidente, Diana Gomes, e por toda a equipa que a acompanhou. Por isso, o desafio será muito bem enfrentado, com muita motivação, e a equipa está pronta para lutar por melhores condições para os atletas”, assumiu, em declarações à agência Lusa.
Embora ainda não tenha tomado posse e a nova direção ainda não tenha reunido, Emanuel Silva, que deixou o alto rendimento em abril de 2024, prometeu “ser simplesmente uma voz verdadeira, próxima, que lute por melhores condições para todos”.
“No que diz respeito ao Emanuel, que eu já sou reformado, digamos assim, é tentar retribuir ao desporto tudo aquilo que ele me deu. E, felizmente, temos uma boa equipa e acho que vai ser possível e vai ser bonito de ver como é que esta comissão também vai trabalhar”, referiu.
Esta nova direção tem “felizmente dois medalhados olímpicos”, com Emanuel Silva e Fernando Pimenta, que conquistaram a prata em K2 1.000 metros em Londres2012, além de “quatro pessoas ligadas à área da saúde” e “atletas de grande nível”.
“Não é só por ser o Emanuel ser presidente que o Emanuel vai estar sozinho. Não. Isto é uma equipa. Vamos ter de agir como uma equipa, como uma família. Eu serei o porta-voz de toda a equipa. Acredito que, com os nomes que estão nesta equipa, poderemos ter ainda mais peso sobre aquelas pessoas que nos governam e que nos tutelam”, afirmou.
Emanuel Silva acredita que “melhores tempos virão e que as pessoas estão mais sensíveis para os atletas, para o alto rendimento e para as esperanças olímpicas”, congratulando-se por haver mais “sensibilidade por parte de presidentes das federações, membros do Comité Olímpico e principalmente do governo”, o que “torna tudo muito mais fácil”.
“Para assegurar o Olimpismo, tentar assegurar o alto rendimento, as esperanças olímpicas, temos que estar todos a remar para o mesmo lado. Sendo eu antigo atleta de canoagem, aqui põe-se muito em prática isso, temos que todos remar para o mesmo lado para chegarmos a bom porto e para continuarmos a ser uma potência mundial a nível desportivo e chegarmos aos Jogos Olímpicos e ganhar ainda mais medalhas do que aquilo que ganhámos até hoje”, assegurou.
Com novas eleições legislativas à porta, o desporto não tem sido tema marcante na campanha eleitoral, mas Emanuel Silva acredita que “poderá mudar” a perspetiva que o Governo tem sobre o assunto.
“Todos os portugueses, aliás, têm mudado, têm conseguido virar-se ainda mais para as modalidades, para os Jogos Olímpicos e essa tendência está a mudar, é bom sinal. E acredito que, seja este governo, seja o governo que poderá tomar a posse a seguir, não nos vai deixar na mão e vai querer que os atletas olímpicos, o alto rendimento e as esperanças olímpicas e o desporto em geral não caiam por água abaixo. Porque sociedade sem desporto é uma sociedade morta”, alertou.
Ainda sem ter tido oportunidade de falar com o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Fernando Gomes, Emanuel Silva vai liderar a CAO, com o lançador Francisco Belo a assumir o cargo de vice-presidente e o nadador Miguel Nascimento o de secretário-geral.