Nos próximos seis meses, andar num autocarro dos Transportes Urbanos de Braga (TUB) pode ser uma experiência “diferente”. Os passageiros podem ser brindados com intervenções sonoras que vão desde a rádio-arte, documentário e paisagens sonoras a performance e música.
O projeto “Trajetos Comunicantes”, integrado no programa da Braga’25 – Capital Portuguesa da Cultura, fez hoje a viagem inaugural. Até novembro, dois veículos dos TUB, que irão alternar entre diferentes rotas regulares, estarão equipados com colunas e vão reproduzir as peças sonoras para os passageiros.
A iniciativa quer tornar “os dias e as viagens diferentes”. Isto é, tornar os “momentos aparentemente banais de trabalho-casa/casa-trabalho em momentos diferentes”, de acordo com Luís Pinto, coordenador do “Trajetos Comunicantes”.


Sugere que esta experiência sonora coletiva seja uma “oportunidade” para conhecer a “pessoa que está ao lado” ou a “paisagem que está em constante alteração”.
A ideia é dar mais força ao “sentimento de comunidade”. “Há uma comunidade, ainda que temporária, quando as pessoas partilham um transporte público”, disse Joana Meneses Fernandes, diretora executiva da Braga’25, que também esteve presente na viagem inaugural.


Foi por isso que a opção do projeto foi espalhar colunas pelos autocarros e todos escutarem a mesma peça ao mesmo tempo.
“Optamos por uma solução que pode até não ser, do ponto de vista estético, a melhor – ter estes altifalantes no autocarro. Mas a outra opção era individualizada e nós queremos ir contra essa opção de as pessoas estarem a ouvir através de ‘headphones’. Ou seja, isolar ainda mais”, frisou Luís Pinto.
E acrescentou: “No fundo, o projeto pretende fazer pensar em soluções mais sustentáveis de mobilidade, em soluções que nos ponham em contacto com as outras pessoas”.




No primeiro trimestre do programa, o Trajetos Comunicantes conta com trabalhos do duo Mobile Radio, de Sarah Washington e Knut Aufermann, um novo disco de Guache, dupla brasileira radicada em Braga e composta por Luciana Melo e Gil Fortes, e ainda trabalhos rádio de estudantes da licenciatura em Ciências da Comunicação da Universidade do Minho.
De acordo com Joana Meneses Fernandes, até novembro ideia passa por “mostrar que a cultura pode estar presente no quotidiano da cidade de uma outra forma, trazer a cultura para espaços menos convencionais”.
Assim, para além de passageiros, os TUB passarão a transportar ainda mais. “Levamos a bordo a cultura da cidade, durante seis meses vamos poder transportar a cultura”, referiu Sandra Cerqueira, administradora dos TUB, em declarações aos jornalistas esta manhã.