A sociedade Granvinhos, do empresário Jorge Dias, continua a investir no vinho em Portugal, estendendo agora a sua influência ao vale do Lima para produzir 30 hectares de Loureiro e Alvarinho na Quinta de São Salvador da Torre, adquirida pelo grupo no final de abril.
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A produção de vinho no espaço, situado em Torre, freguesia do concelho de Viana do Castelo, é atualmente liderado pelo experiente enólogo de Monção Anselmo Mendes, que se manterá ao leme “durante os próximos anos”, pois é essa a vontade do novo dono da quinta.
Negociações em Viana do Castelo levaram meses
As negociações da Granvinhos com a sociedade Agromar, do Grupo Soja de Portugal, que detinha a quinta de Viana do Castelo agora comprada, levaram meses, disse em comunicado o diretor da Granvinhos, Jorge Dias.

[A quinta de Sto. Isidoro] beneficia da brisa marítima característica de todo o Vale do Lima, numa extraordinária situação edafo-climática, sobretudo tendo em atenção as alterações climáticas com que a viticultura se confronta
Jorge Dias, diretor geral da Granvinhos
“Trata-se de uma propriedade agrícola com 30 hectares de vinha das castas Loureiro e Alvarinho, exposta a sul, beneficia da brisa marítima característica de todo o Vale do Lima, numa extraordinária situação edafo-climática, sobretudo tendo em atenção as alterações climáticas com que a viticultura se confronta”, salienta o grupo em comunicado.
Com mais de 400 anos de existência, e conhecida popularmente como Quinta de Santo Isidoro, o espaço possui ainda uma casa senhorial datada de 1685.

Na mesma nota, Jorge Dias diz acreditar no futuro do vinho verde, em particular das “castas Alvarinho e Loureiro, um produto muito bem-adaptado aos novos tempos e hábitos de consumo”.
Para o empresário a região necessita, contudo, de ser valorizada “pela ligação às respetivas zonas de produção, bem como à dieta atlântica, na qual Portugal tem uma oferta ímpar”, refere Jorge Dias.
Um sonho com 30 anos: Anselmo Mendes continuará a explorar
Jorge Dias explica que esta quinta era explorada pela Agromar em parceria com Anselmo Mendes, algo que o empresário pretende que se mantenha “nos próximos anos”.
O grupo destaca que este vai ser “o primeiro projeto conjunto entre aquele enólogo e Jorge Dias, diretor geral da Granvinhos, algo que ambos ambicionavam há mais de 30 anos”.

Anunciou ainda um novo vinho daquela casta Loureiro 2024, bem como a requalificação do ponto de vista patrimonial.
Investimentos em 2023 e nova adega tecnológica na Régua
Nos últimos meses, este grupo que antigamente usava a denominação Gran Cruz e em 2018 exportava 30 milhões de garrafas de vinho do Porto para 50 países, faturando 90 milhões de euros por ano, tem alargado susbtancialmente a sua atuação e presença em diversas regiões vinícolas do país.
Anterior a este investimento no Minho, um desses passos, dado em janeiro deste ano, foi a aquisição de 60% da empresa Vicente Faria Vinhos, a segunda maior exportadora de Vinho do Douro no mundo.

Comprou também as Caves Borlido, em Albergaria, vendendo dois licores, o famoso “Amêndoa Amarga” e o “Licor de Ginja”. Atualmente, as vendas anuais passam o milhão de garrafas destes dois licores.
Depois de incorporar também a Companhia União dos Vinhos do Porto e Madeira, mudou o nome para Granvinhos.
A sociedade Granvinhos está também inserida no Plano de Recuperação e Resiliência, através da criação de um centro de vinificação e armazenamento na Régua, distrito de Vila Real, com adaptação à produção de vinho do Douro e vinho do Porto. Será uma espécie de adega futurista que custará 20 milhões de euros e começará a trabalhar com a vindima em 2024.
Quem é Jorge Dias?
Engenheiro agrónomo de profissão, Jorge Dias é diretor-geral da Granvinhos desde 2009. Com notáveis características empreendedoras na área da enologia, foi um impulsionador para a criação do curso de Enologia na UTAD, onde foi professor no início da carreira.
Ainda cedo, em 1993, fundou o Instituto do Vinho do Porto no Douro, criando também uma Rota do Vinho do Porto, hoje muito apreciada em termos turísticos e com recurso a vários meios de transporte (barco, comboio, a pé).
Na viragem do século foi peça importante para a classificação do Douro como Património Mundial, sendo convidado pelo Governo para a secretaria do Desenvolvimento Regional.

Foi ainda perito do Comité Consultivo “Viticulture et Boissons Spiritueuses”, da Comissão Europeia.