O Brasil vai às urnas no próximo domingo para definir o próximo presidente da República. Em Braga, as estimativas apontam para 15 mil brasileiros residentes, embora nem todos tenham feito a transferência do título de eleitor, há apoiantes dos principais candidatos. Nas últimas eleições, em 2018, Jair Bolsonaro ganhou por esmagadora maioria nos três consulados em Portugal, acabou por vencer e busca a reeleição.
No entanto, o atual presidente está no segundo lugar nas sondagens, e centenas de manifestações que decorreram nos últimos anos contra o seu governo – algumas em Braga, principalmente no âmbito da pandemia, fizeram o candidato do PL perder força e Lula da Silva, do PT, aparecer na liderança.
“Decidi por votar no Lula da Silva porque vivi na pele os efeitos destruidores do governo Bolsonaro. Perdi amigos para a covid-19, ligava a televisão e assistia ao presidente desmerecer a doença e fazer piadas. Migrei para Portugal em consequência da crise que o Brasil mergulhou e o país não suportará mais quatro anos desse governo”, disse Lucas de Freitas, de Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, produtor cultural e realizador de eventos e festas, que vive em Braga há dois anos, a O MINHO.
Mas os apoiantes de Bolsonaro ainda são numerosos e fáceis de encontrar nas ruas de Braga. Para Eduardo Rocha, funcionário público estadual, já reformado, de 57 anos, Lula da Silva e a sua sucessora, Dilma Rousseff, “institucionalizaram o roubo dentro da máquina do governo”.
“Eu saí do Brasil com o país a ser de extrema-esquerda, Bolsonaro fechou as ‘torneiras’. Os media no Brasil eram sustentados pelo governo de esquerda, Bolsonaro não deu mais dinheiro para os poderosos e obrigou a pagar os impostos que estavam a dever. A esquerda enganou o povo com possibilidades, mas que não eram reais. Com tudo isto veio a miséria, a violência, o desemprego, a falta de investimento. O ‘aparelhamento’ da esquerda é tão grande que até a corte suprema do STF (Supremo Tribunal Federal) impede o progresso”, opinou o carioca, que vive há cinco anos em Braga, em entrevista a O MINHO.
“O povo não aguenta mais tudo isso e na minha opinião o Bolsonaro vence na primeira volta, se não houver fraude”.
O candidato Ciro Gomes, do PDT, também conta com apoiadores em Braga. O empresário e músico Marcos Goulart, também do Rio de Janeiro, que vive em Portugal há quatro anos, lembra que trabalhou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, na Câmara dos Deputados, e que participou em manifestações nas ruas no Brasil – e agora de forma virtual.
“No meu ponto de vista é o melhor preparado, é o que tem propostas de verdade para o país, que precisa de uma reforma, e acredito que o Ciro seja o início disto”, disse Marcos Goulart, de 57 anos.
Dos três eleitores, apenas Lucas de Freitas, de 27 anos, pensa num possível regresso ao Brasil em caso de vitória do seu candidato.
“Se o Lula da Silva vencer, penso que haverá muito trabalho para reconstruir e reerguer o país depois de tanto retrocesso. Acredito que eu possa regressar ao Brasil a médio-longo prazo, a depender do sucesso dessa reconstrução”, explica o jovem, que é militante ativo nas ruas e na internet, participa de coletivos pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+ em Braga e é ativista da comunidade brasileira, sempre alertando para questões como xenofobia e a integração desta comunidade em Portugal.
Eduardo Rocha e Marcos Goulart não pensam em regressar. O apoiador de Jair Bolsonaro diz que já está reformado e acostumado a viver em Braga, enquanto o eleitor de Ciro Gomes apenas quer a vitória do cearense para que seja o princípio da mudança do país.
Em Portugal é possível votar em Faro, Lisboa e no Porto, onde a maioria dos eleitores brasileiros do Norte deverão comparecer no próximo domingo ao Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).
Poucos dias antes de os brasileiros votarem, o ex-presidente Lula da Silva continua liderando as mais recentes sondagens com cerca de 47% das intenções de voto.
Por sua vez, Bolsonaro tem cerca de 33% das intenções de voto e sua equipa de campanha espera inverter a situação hoje durante o último debate eleitoral televisivo, no qual também participarão Ciro Gomes e Simone Tebet, que são respetivamente o terceiro e a quarta colocada nas sondagens da corrida eleitoral.
Às presidenciais brasileiras concorrem 11 candidatos: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D’Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Padre Kelmon, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.
As eleições presidenciais no Brasil têm a primeira volta marcada para 02 de outubro e a segunda, caso seja necessária, para 30 de outubro.
Além do cargo de Presidente e vice-presidente, estão em jogo os governos dos 27 estados do país, a renovação completa da Câmara dos Deputados, a renovação parcial do Senado e das assembleias legislativas estaduais.