O secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoán Mao, saudou hoje o interesse da Arriva em operar uma eventual ligação ferroviária entre o Porto e a Corunha, lembrando, porém, a falta de investimento na saída sul de Vigo.
“Totalmente favorável e todo o nosso apoio”, disse hoje o responsável do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular à Lusa, quando questionado sobre a possibilidade da divisão espanhola da operadora Arriva querer operar um serviço ferroviário entre as cidades.
Xoán Mao saudou ainda o aparecimento de concorrência à CP – Comboios de Portugal e à Renfe, que atualmente operam dois comboios diários em cada sentido entre Porto e Vigo, num percurso com duração de cerca de duas horas e vinte minutos.
“Tudo o que seja concorrência é bom, porque entre Vigo e Porto continua a haver apenas dois comboios diários, que são nitidamente insuficientes”, considerou, dizendo ainda que “não se vê um grande interesse”, quer da CP quer da Renfe, no serviço prestado atualmente.
Relativamente às infraestruturas, uma das condições para a Arriva efetuar o serviço, Xoán Mao defendeu que “para que tudo corra bem e se possa fazer um comboio de altas prestações como nós queremos, há que esperar que Espanha faça os 30 quilómetros entre Vigo e a saída sul”.
Atualmente, Vigo não tem uma saída ferroviária pelo sul da cidade, obrigando a que todo o tráfego ferroviário seja feito pelo norte, tornando a cidade uma estação terminal.
Segundo Xoán Mao, o Eixo Atlântico já pediu “uma entrevista com a ministra espanhola para reunir com ela e falar do assunto, porque Espanha não está a fazer o que tem de fazer, e isto vai muito atrasado da parte Espanhola”.
“É uma questão da falta de vontade política. É simplesmente isso. Não é tão cara, até porque essa linha já estava aprovada, e a linha que temos agora pode ser de alta velocidade também, chamava-se Ferrol – Fronteira Portuguesa. Só que entretanto, quando chegou a crise económica, anularam o troço de Portugal. Foi uma decisão espanhola”, disse à Lusa.
Xoán Mao considera que “os investimentos estão todos a ir para o Mediterrâneo”.
No dia 22 de abril, em Melgaço (distrito de Viana do Castelo), o ministro português das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, desafiou o Governo espanhol a “dar corda aos sapatos” para que a ligação ferroviária em alta velocidade chegue à fronteira entre os dois países “mais ou menos ao mesmo tempo”.
O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular é uma associação fundada em abril de 1992 que congrega atualmente 39 municípios do Norte de Portugal (19) e da Galiza (20).