O secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mao, desafiou hoje o presidente e o vice-presidente da Comunidade de Trabalho da Galiza-Norte de Portugal a provar o que fizeram em termos de cooperação transfronteiriça, acusando-os fazer “propaganda”.
“Aquilo que foi dito é propaganda e publicidade. É tudo falso. Desafio a apresentar provas concretas de que fizeram algo. Nada se fez em matéria de combate aos incêndios, por exemplo. Nada se fez em matéria de coordenação aeroportuária, não há coordenação portuária, não há coordenação nos Caminhos de Santiago, só agora o atual conselheiro galego que foi vereador do Eixo Atlântico é que está a fazer alguma coisa. Então o que fizeram?”, afirmou em declarações à Lusa.
Para Xoan Mao, ao contrário daquilo que foi dito na segunda-feira na comemoração dos 30 anos da cooperação transfronteiriça, a cooperação na eurorregião é assegurada, neste momento, pelo Eixo Atlântico e por algumas universidades e coletivos que continuam a cooperar, já que “não há nenhuma cooperação institucional”.
Para aquele responsável, o presidente da Comissão Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Freire de Sousa, que é vice-presidente da Comunidade de Trabalho da Galiza-Norte de Portugal e o presidente da Junta da Galiza, Alberto Nuñez Feijóo, que preside àquela entidade, são os principais responsáveis desta situação que resume o trabalho deste organismo a um “fórum de palestras”.
“A Comunidade de Trabalho [Galiza-Norte de Portugal] não reúne como reunia antes. Agora é um grupo de palestrantes, não é um fórum de decisão. Há quanto não se reúne a comunidade de trabalho e quando se reúne o que é que faz? Reúnem-se como no tempo do Braga da Cruz para discutir projetos, ou reúnem-se para fazer palestras com os seus amigos que nem fazem parte da comunidade de trabalho?”, defendeu.
Segundo Xoan Mao é “imprescindível” refundar a Comunidade de Trabalho por forma a garantir um organismo transparente, democrático e participativo, em que todos sejam parta da tomada de decisões, “coisa que agora não acontece”.
Para além disso, defendeu, “era muito importante encontrar uma sinergia entre a Galiza e o Norte de Portugal que passaria pela eleição [pelos autarcas] do presidente da Comunidade de Trabalho, tal como António Costa se comprometeu” e pelo reforço das competências da Comunidade, passando o agrupamento [Europeu de Cooperação Territorial (AECT)]a ser a secretaria executiva da Comunidade de Trabalho.
“Há muitos problemas na eurorregião e as decisões que a Comunidade de Trabalho toma não são, nem consensuais, nem transparentes. Nem do lado português, nem do lado galego. O que está a causar muitos constrangimentos”, disse.
Assim, salientou Xoan Mao, seria possível serem parte de decisões tão importante quanto o Corredor do Atlântico sobre o qual “estão a mentir por incapacidade”.
“Não há plano, fui tudo uma questão eleitoral em Espanha”, declarou, sublinhando que “isto era o que tinha de estar a fazer a Comunidade de Trabalho: conseguir que a Cimeira Ibérica aprovasse este corredor”.
O presidente da Xunta, Alberto Núñez Feijóo, reivindicou na segunda-feira uma “cooperação leal” no âmbito da eurorregião e fixou como prioridades para o período de 2021-2027, o Corredor Ferroviário Atlântico para mercadorias e a linha de alta velocidade Vigo-Porto, bem como a saída a Sul de Vigo.
Segundo o jornal espanhol “El Progresso”, na apresentação dos resultados do programa operacional cooperação transfronteiriça Galiza-Norte de Portugal (POCTEP), em Vigo, onde marcou também presença o presidente da CCDR-N, Freire de Sousa”, Feijóo destacou a as iniciativas desenvolvidas na eurorregião, no âmbito deste programa com 131 milhões de euros consolidados no período 2014-2020, resultados a que se somam os de outros programas como Iacobus, da promoção do Caminho de Santiago ou da interconexão dos serviços de emergência portugueses com o 112 galego.