Portugal registou um défice externo de 1.573 milhões de euros até novembro de 2022, que compara com um excedente de 1.287 milhões em igual período de 2021, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
Segundo o BdP, no mês de novembro de 2022, as balanças corrente e de capital atingiram um défice de 256 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 12 milhões de euros relativamente ao mesmo período de 2021.
“Na balança de bens, verificou-se um aumento do défice, de 467 milhões de euros, explicado por um crescimento das importações superior ao das exportações em relação a novembro de 2021 (taxas de variação homólogas de 20,1% e 18,0%, respetivamente)”, apontou o BdP nas estatísticas da balança de pagamentos, hoje divulgadas.
O aumento do défice da balança de bens foi “parcialmente compensado” pelo aumento do excedente da balança de serviços, de 387 milhões de euros, destacando-se os aumentos homólogos das exportações e das importações (26,0% e 18,%, respetivamente).
“Para estas subidas contribuiu, sobretudo, a rubrica de viagens e turismo, cujas exportações e importações cresceram, em termos homólogos, respetivamente, 35,1% e 22,4%”, acrescenta o banco central.
O excedente daquela rubrica aumentou 246 milhões de euros, para 832 milhões de euros.
Até novembro de 2022, o défice da balança de rendimento primário aumentou, devido ao incremento de pagamentos líquidos de rendimentos de investimento, nomeadamente sob a forma de dividendos, enquanto a menor atribuição de fundos europeus aos beneficiários finais determinou a redução do excedente da balança de rendimento secundário.
“A acentuada redução do excedente da balança de capital deveu-se ainda ao recebimento excecional, em julho de 2021, da devolução da margem financeira relacionada com o Programa de Assistência Económica e Financeira”, sublinhou ainda o BdP.
Já quanto ao saldo da balança financeira, no mês em análise este foi negativo em cerca de 600 milhões de euros, depois de o aumento dos ativos (900 milhões de euros) ser inferior ao crescimento dos passivos (1,5 mil milhões de euros).
Desde o início do ano até novembro, este saldo foi negativo em cerca de mil milhões de euros, o que reflete um aumento dos passivos perante o exterior (13,1 mil milhões de euros) superior ao incremento dos ativos (12,2 mil milhões de euros).
O BdP justifica esta variação nos passivos com o crescimento do investimento direto do exterior em Portugal, com destaque para o investimento imobiliário, com aumentos dos empréstimos obtidos por residentes junto de entidades não-residentes, com aumentos dos depósitos de não-residentes junto de bancos residentes e com a redução dos passivos do Banco de Portugal junto do Eurossistema
O aumento dos ativos do Banco de Portugal junto do Eurossistema deveu-se, em grande medida, aos investimentos realizados por bancos e sociedades de seguros em dívida titulada de longo prazo emitida por entidades não residentes e ao aumento dos depósitos no exterior por parte de bancos residentes.
As estatísticas da balança de pagamentos serão atualizadas pelo BdP em 17 de fevereiro de 2023.