É de Ponte de Lima, tem 33 anos e lidera grupo que quer salvar JN e O Jogo

Diogo Freitas. Foto cedida a O MINHO

Lidera um grupo com cinco empresas, uma delas – a maior – é a Office Total Food Brands, que possui a marca Saborosa, conhecida pela comercialização das famosas bolachas ‘belgas’, além de outras marcas “líderes de mercado na indústria dos bolos e bolachas”.

Está também presente na área dos seguros e do investimento imobiliário, “não na compra e venda, mas sim na compra para investimento”, além da agricultura, preparando-se para realizar a primeira plantação de 14 hectares de vinha em Ponte de Lima, vila onde nasceu e onde ainda reside.

Diogo Freitas, 33 anos, antigo estudante da Faculdade de Economia do Porto que trocou os estudos para administrar o grupo de família no coração do Minho, encabeça um consórcio de quatro empresários que querem comprar os títulos Jornal de Notícias e O Jogo, além das revistas da Global Media Group.

Não havia interesse em entrar neste tipo de negócio

Em entrevista a O MINHO, o jovem empresário admite que esta possibilidade de negócio surge da oportunidade – e não por algum interesse anterior em adquirir títulos de comunicação social -, mas deixou bem vincado que a aposta se deve, sobretudo, à situação em que se encontram os trabalhadores e ao risco de ocultação de dois dos jornais mais importantes para a região Norte, com este grupo a pretender “ser uma solução” para o que consideram ser “um problema” da região.

Esta última motivação, aliás, leva a que o título Diário de Notícias não esteja incluído na carta de intenções que Diogo Freitas e os outros três empresários – “dois do grande Porto e um a sul do Mondego” – apresentaram sexta-feira à administração da Global Media.

A O MINHO, o empresário de Ponte de Lima explica que o DN, que é produzido em Lisboa, não está incluído “por duas razões”: “Primeiro, porque o nosso objetivo passa por ter uma solução para região Norte do país, que fica sem voz a nível nacional. A segunda é pelo que temos ouvido nas comissões, com o CEO do grupo [José Paulo Fafe] a “valorizar o DN e a desvalorizar o JN e O JOGO”.

“Por isso queremos ser uma mais valia para estes dois jornais”, afirma.

“Oito milhões? Pode ser menos mas também pode ser mais”

Para isso estão dispostos a discutir a quantia pela aquisição dos títulos pretendidos, mas ainda “não há um valor em cima da mesa”. “Temos de analisar como está o grupo, mas se analisarmos através do potencial do EBIDTA [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização], não valerá 8 milhões”, constata.

Diogo Freitas realça até que o valor “pode ser menos”, mas “também pode ser mais”, uma vez que há desconhecimento “em relação às dívidas” e a necessidade em perceber quais as “contas reais dos títulos que queremos comprar”, pois só assim poderá dar um valor mais concreto para o negócio.

Sobre a oportunidade do negócio, e das sessões que decorrem no Parlamento onde o CEO da Global Media tem respondido aos deputados, Diogo Freitas diz que as mesmas não têm ajudado “em nada”, nem para as marcas nem para o interesse no negócio.

“O que acreditamos é que a atual administração – e nenhum de nós tem relação com eles -, o atual CEO parece ter uma agenda escondida para ocultar o verdadeiro valor das marcas, porque sempre que fala, elas desvalorizam”, aponta.

Fechar negócio em março

Na carta de intenções enviada à administração da Global Media Group na sexta-feira, acrescenta Diogo Freitas a O MINHO, é pedida “celeridade” para que haja um contacto em “cinco dias”. Depois disso, as diligências do grupo liderado pelo limiano devem durar “quatro a seis semanas”, esperando “fechar o negócio em dois meses, no limite dois meses e meio”.

Cooperativa de trabalhadores recebe parte do capital

Na carta de intenções a que O MINHO teve acesso, o grupo liderado por Diogo Freitas propõe a “criação de uma nova sociedade para onde seriam transferidas as marcas, assim como os profissionais e seus direitos que lhes estão afetos”.

Parte do capital seria cedida “a uma cooperativa de jornalistas e demais trabalhadores”.

Em declarações a O MINHO, este sábado, o empresário explica que esse capital será “doado” à cooperativa. “Entendemos que faz sentido e valoriza o negócio, porque temos colaboradores mais felizes e, se calhar, temos um empenho maior”.

O empresário não quer que os jornalistas se tornem acionistas a nível profissional, “os jornalistas continuam jornalistas”, mas quer que “todos ganhem” se “o grupo ganhar”, por entender que essa “valorização serve para atingir o melhor para o grupo”.

“Se houver prejuízo, não vão ser chamados à razão, porque não vamos estar a pedir aos jornalistas que coloquem dinheiro se for necessário, isso fica para os sócios maioritários”, concluiu.

Jornal de Notícias, O Jogo, revistas JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta ao Mundo

Como noticiámos ontem, na proposta, a que O MINHO teve acesso, o grupo de empresários adianta que está disposto a comprar as marcas Jornal de Notícias, O Jogo, revistas JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta ao Mundo.

“Estamos também disponíveis para ser solução para a rádio TSF, cujo valor informativo e relevância editorial entendemos ser único no panorama nacional”, salienta a proposta.

“O grupo Global Media é um pilar estrutural para a defesa da nossa democracia e a defesa de uma economia de mercado, de cariz social, através da reputada informação isenta e plural que é hoje o cimento da nossa democracia”, prosseguem.

“Somos e vimos pelo bem; defendemos a pluralidade de opiniões e respeito pela independência editorial. Somos por um jornalismo de acesso de e a todos e onde todos possam participar ativamente”, pode ler-se no documento.

Transferência de trabalhadores

A proposta garante ainda a “transferência de todos os profissionais editoriais afetos às marcas”. Seria também transferido “um grupo de profissionais que se comprove que estão mais de 50% do seu tempo afetos a estar marcas”, uma seleção que teria de “ser realizada em conjunto com as equipas da Global Media”.

“Asseguraremos a manutenção da antiguidade e direitos dos trabalhadores, na transferência de contratos”, vinca ainda a proposta, estimando que sejam entre “200 a 250 profissionais”.

O grupo de empresários liderado por Diogo Freitas ficaria com “a maioria ou totalidade” do capital da nova sociedade, algo “a acordar entre as partes”.

Dona das bolachas Belgas

Fundada em 2008 pela família Freitas, a Officetotal Food Brands deu o grande salto empresarial em 2015, com a aquisição da linha de produção das icónicas bolachas Belgas, nascendo assim a marca Saborosa.

Desde o lançamento, aumentou 8,2 vezes a produção.

A empresa de Ponte de Lima tem atualmente 59 trabalhadores e espera atingir os 70 este ano.

Segundo a informação a que O MINHO teve acesso, a empresa subiu o salário mínimo para 873,90 euros no início deste ano e compromete-se a fixá-lo em mil euros já em 2026.

Detida a 100% pela família, integra um pequeno grupo que agrega empresas na indústria alimentar, distribuição, agricultura (a iniciar agora) nomeadamente na vinha, seguros e imobiliário.

Com Pedro Luís Silva.

 
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