O empresário Domingos Correia, de Braga, classifica como “estranho” que o também empresário António Salvador “não tenha bens penhoráveis, incluindo contas bancárias, mas tenha conseguido dispor de 300 mil euros – que diz serem de terceiros sem o provar – para evitar a penhora de bens decidida pelo Tribunal de Famalicão”.
“Tal generosidade só é comparável ao trabalho e serviços não-remunerados prestados às 20 sociedades de que é administrador”, afirma, em nota enviada a O MINHO, a propósito do julgamento que está em curso no Tribunal de Famalicão, e no qual pede a Salvador que pague uma dívida, de 250 mil dólares, de negócios em Moçambique. O que Salvador tem negado, tese que reafirmou, agora, em Tribunal dizendo que “já pagou”.
Correia diz que Salvador “não tem bens ou veículos em seu nome, nem qualquer rendimento comunicado à Segurança Social, não obstante aparecer como administrador de 20 empresas, entre as quais a Sporting Clube de Braga, SAD, a Britalar Construções, SA, a Hotti Braga Hoteis, SA e a Hotti Aeroporto Hotel, SA”.
“A última remuneração comunicada é de mil euros da ESSE-Estacionamento à Superfície, SA, em novembro de 2017”, anota.
Conforme O MINHO noticiou, Salvador prestou uma caução de 300 mil euros, com a qual evita a penhora das mobílias e equipamentos da casa onde vive em Braga, por uma dívida a Domingos Correia. O agente de execução esteve na casa, mas foi informado de que a mobília e os equipamentos não lhe pertenciam.
“A execução reporta-se a um acordo de pagamento de uma dívida celebrado entre Domingos Correia e uma sociedade moçambicana, de que fui fiador, dívida essa que se encontra totalmente paga desde 2013”, afirmou António Salvador, em nota enviada em novembro ao Jornal de Notícias.
Tribunal que decida
No entanto, acrescenta Salvador, “Domingos Correia alega que faltam pagar 250 mil dólares americanos e instaurou o referido processo, onde apresentei embargos, cabendo agora ao Tribunal decidir”.
“A minha postura sempre foi a de resolver quaisquer conflitos em sede judicial”, continuou.
Salvador disse, ainda, ser “falso que algum dos pedidos de caução tenha sido indeferido”, sublinhando que “apenas apresentou um segundo pedido de caução em dinheiro, para evitar diligências, que tinham como propósito intimidar-me e ofender a minha dignidade e perturbar de forma aviltante a minha família, num circo mediático a que Domingos Correia gosta de recorrer”.
“Domingos Correia já confessou que o seu sonho era o de aparecer em minha casa “com a polícia” para penhorar “a mobília”, sublinha.
Em resposta, Correia esclarece que o processo de execução tem por base um documento assinado em 2012 por António Salvador, enquanto administrador da Britalar ArLindo Moz, SA, suportada, ainda, num documento em que é fiador pessoal.
Afirma, ainda, que “o Tribunal e o agente de execução se limitaram a cumprir os preceitos legais aplicáveis” e sublinha que “apenas quer que Salvador honre os compromissos assumidos”.
Para além de duas ações executivas em Famalicão, o Tribunal de Braga julga, esta quinta-feira, uma ação-crime de Salvador contra Correia, por “perseguição e difamação”, por causa de este ter posto a circular na cidade um camião do fraque e duas carrinhas, exigindo o pagamento da dívida.