A ideia foi apresentada durante a passagem do ministro da Cultura Pedro Adão e Silva por Guimarães, no âmbito do “Percurso: cultura que somos”. Trata-se de um programa de visitas, em torno de um tema mensal, neste caso era a “cultura urbana” e o ministro esteve nas quatro cidades de Quadrilátero. No Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitetura, na Cidade Berço, o ministro ficou a conhecer a ambição de fazer um filme que narre a história heroica da formação de Portugal, em conversa com o presidente da Câmara e o produtor de cinema vimaranense Rodrigo Areias.
A ideia é fazer um filme épico sobre a fundação da nacionalidade, “uma obra que recue 300 anos antes do momento em que se aconteceu a Batalha, em 1128, e que avance 300 anos sobre esse momento, dando a conhecer a formação do reino”, adianta o autarca. Domingos Bragança fala da possibilidade de atrair para o projeto as plataformas de “streaming” e está convencido que a história de Portugal é uma fonte riquíssima de argumentos ainda por explorar pelo cinema.
“Em 2028 comemoram-se os 900 anos da Batalha de São Mamede [em Guimarães], ato fundador da nacionalidade portuguesa. Seria muito interessante termos o filme pronto nessa altura”, afirma Domingos Bragança.
O autarca reconhece que um projeto desta grandeza carece de meios que vão muito além dos financiamentos do IPCA ou da DGartes. Numa primeira análise, serão precisos pelo menos entre sete e nove milhões de euros. “É uma utopia, mas eu estou a lançar a semente, porque outros países têm filmes deste tipo sobre as suas origens. Já falei com outros ministros e até com o Presidente da República sobre esta ideia”, acrescenta Domingos Bragança.
Os 900 anos da Batalha de São Mamede, que opôs D. Afonso Henriques e os senhores portucalenses às forças galegas do Conde Fernão Peres de Trava, amante de D. Teresa de Leão, sua mãe, assinalam-se em 2028. A data do início da primeira dinastia portuguesa não é consensual, o Estado Novo, em 1940, celebrou com pompa os 800 anos da nacionalidade, considerando o Tratado de Zamora como o primeiro momento da independência de Portugal. Outros consideram que foi um processo que se iniciou com a Batalha de São Mamede (ou até antes), que passou pelo Tratado de Zamora (1140) e que terminou com a bula “Manifestis Probatum”, em que o papa Alexandre III reconhece D. Afonso Henriques como rei de Portugal.
Para muitos vimaranenses, como os membros da Grã Ordem Afonsina, uma associação sem fins lucrativos, constituída por um grupo de eruditos vimaranenses, 24 de junho de 1128, marca o dia em que Portugal nasceu. Segundo o seu presidente, Florentino Cardoso, a principal atividade da associação, atualmente, é “desenvolver todas as ações necessárias para o reconhecimento do dia 24 de junho de 1128 como o dia da Fundação de Portugal e, ao longo dos anos que faltam para a ocorrência dos 900 anos dessa efeméride, preparar as respetivas comemorações, com o envolvimento do maior número de instituições políticas e culturais, locais, regionais, nacionais e dos Países de Língua Oficial Portuguesa”.