O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, admitiu hoje que a realização do espetáculo de comédia com cerca de mil pessoas “deu um sinal que vem contradizer todo o recente discurso” da autarquia em relação à covid-19, considerando mesmo que “a imagem passada foi destrutiva de tudo o que Câmara está a fazer”.
Citado num comunicado, Domingos Bragança acrescentou que todo o esforço de comunicação do município na prevenção da covid-19 “não pode ser comprometido por eventos culturais, ou outros, passíveis de reunirem um grande número de pessoas”.
Falando no final da reunião do executivo, o autarca justificou, assim, a decisão, anunciada no domingo, de suspender a realização de eventos culturais nos equipamentos do município até à realização da reunião da Proteção Civil, que ocorrerá na terça-feira.
“Quero ouvir as senhoras delegadas de saúde sobre o assunto, bem como os responsáveis das restantes entidades, pois a situação que vivemos no Concelho de Guimarães poderá obrigar à adoção de medidas mais restritivas”, disse.
Na noite de sexta-feira, um espetáculo no Multiusos de Guimarães com os humoristas Hugo Sousa, Ana Garcia Martins (Pipoca mais Doce) e Nilton. Juntou, segundo o município, 964 pessoas, o que corresponde a 40 por cento da lotação do espaço.
Assim, ainda segundo o município, foi cumprido o plano de contingência aprovado pelas autoridades de saúde.
O espetáculo foi promovido pela “Tempo Livre”, uma régie-cooperativa que conta com 65 cooperantes, sendo a Câmara Municipal o seu principal acionista.
No domingo, e “em face das notícias e imagens” sobre o espetáculo, que sugeriram despeito pelas regras de segurança sanitária associadas à covid-19, a Câmara determinou a suspensão temporária dos espetáculos programados para todos os equipamentos culturais do concelho.
“Mais do que o cumprimento das regras, está em causa a perceção de menos exigência nas regras de proteção da pandemia que passamos para todos os nossos munícipes”, explicou hoje Domingos Bragança.
O comunicado lembra que a posição do autarca perante o aumento de casos de covid-19 no concelho “tem sido de prudência máxima”, como é exemplo o aconselhamento de uso de máscara em espaço público, medida, até ao momento, não adotada pela Direção-Geral da Saúde.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e setenta e sete mil mortos e mais de 37,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.094 pessoas dos 87.913 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.