Após dois anos de interregno, barcas pascais de Fiscal voltaram a atravessar o rio em Amares

Tradição cumpriu-se esta segunda-feira
Foto: Luís Ribeiro / Facebook

Após dois anos de interregno forçado pela pandemia, a tradição voltou a cumprir-se na freguesia de Fiscal, em Amares. Esta segunda-feira, com uma multidão a assistir nas margens do rio Homem, quatro novas barcas voltaram a fazer a travessia com o compasso pascal.

Este ano, o compasso de Fiscal, freguesia de onde era natural o cantor António Variações, regressa com quatro novas barcas, após a Junta, ainda antes da pandemia, ter constado que algumas das embarcações, que fica submersas durante cerca de 350 por ano, não se encontravam nas melhores condições.

A autarquia local investiu 20 mil euros na construação de quatro novas barcas que foram hoje estreadas no tradicional compasso.

Como sempre na segunda-feira de Páscoa, os mordomos e respetivos compassos atravessaram o rio nas barcas, para unir os lugares de São Pedro e São Bento.

Vídeo: Lurdes Silva / Facebook

Em declarações a O MINHO, o presidente da Junta, Augusto Macedo, explicou que os barcos ficam guardados no fundo do rio durante quase todo o ano para impedir que a madeira, feita de pinheiro manso, seque, levando a que, afirma, durem mais tempo. É, aliás, a única “forma segura” de impedir que se abram rasgos no casco, devido ao impacto que o sol tem na madeira.

Os barcos foram, como também manda a tradição, construídos por um carpinteiro da freguesia, que, através da madeira do pinheiro, alguns arames, pregos e outro material – para a colagem -, não negligencia a tradição da construção deste que era o único meio daquela população se encontrar ao longo de todo o ano, quando ainda não existiam pontes nas redondezas.

É que, apesar de ter sido construída uma ponte há vários anos, a freguesia continuou a usar este meio para atravessar as ‘cruzes’ pascais nesta altura.

Foto: Lurdes Silva / Facebook

Embora se trate de uma tradição religiosa, compete à Junta de Freguesia assegurar a manutenção dos barcos, que são sua propriedade, bem como fazer o investimento necessário para os recuperar, como foi o caso deste ano.

Imagens da incrível retirada das ‘barcas afundadas’ no rio Homem

E a tradição em Fiscal cumpre-se, não no domingo, mas na segunda-feira. A isso deve-se o facto de o anterior pároco, entretanto falecido, ter mais do que uma paróquia a seu encargo. Como o compasso de Fiscal tinha esta particularidade que diferia das outras paróquias, o padre resolveu mudar as celebrações naquela freguesia para a segunda-feira, algo que se vincou também como uma tradição.

E hoje voltou a cumprir-se.

 
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