Dívidas dos caulinos agitam freguesias de Barcelos, empresa promete pagar

(Fotografia de 2010)

Os autarcas de Vila Seca e Milhazes, em Barcelos, acusaram esta sexta-feira a empresa concessionária da exploração de caulinos naquelas freguesias de “incumprimento” do acordado com as respetivas juntas, assegurando que a dívida já ascende a “largos” milhares de euros.

Fonte da administração da empresa admitiu algumas dificuldades decorrentes da crise mas sublinhou que pretende cumprir com o acordado com as freguesias, embora a um ritmo “mais suave”.

O presidente da Junta de Vila Seca, José Faria, disse que, neste momento, e só no que respeita às tranches que se comprometeu a transferir anualmente, a empresa [Minas de Barqueiros, SA, conhecida por Mibal] deve 20 mil euros a cada freguesia.

José Faria acrescentou que a Mibal também se comprometeu a financiar com 100 mil euros a construção de um caminho alternativo para passagem dos camiões no acesso à exploração dos caulinos, mas até ao momento nos cofres das freguesias apenas entraram cerca de 20 mil.

“Buracos e lagoas enormes têm feito com farturinha, mas pagar o que prometeram é que está difícil”, disse ainda.

As contas e as críticas são corroboradas pelo autarca de Milhazes, Luís Arantes, que exigiu o rápido cumprimento do contrato.

“Para freguesias como as nossas, o que está em causa é muito dinheiro. E o prometido é devido”, realçou Luís Arantes.

O assessor da administração da Mibal, Quirino Sousa Lima, disse que a empresa quer cumprir com as freguesias, mas sublinhou que as dificuldades financeiras decorrentes da crise não permitem que o faça ao ritmo acordado.

“O nosso volume de negócios sofreu quebras consideráveis e isso obriga-nos a, de alguma forma, tentar uma reestruturação do acordo que firmámos com as freguesias. Queremos cumpri-lo, mas terá de ser a um ritmo mais suave”, acrescentou.

Disse ainda que a empresa já solicitou uma audiência à câmara de Barcelos, para pedir que esta sirva de “mediadora” na renegociação do acordo com as juntas de freguesia em questão.

Em setembro de 2011, e com a mediação pessoal do presidente da câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, foi assinado um acordo que permite à Mibal a exploração de caulinos em Milhazes e Vila Seca, por 10 anos.

Como contrapartida, cada freguesia recebeu 100 mil euros da Mibal, na altura da assinatura do acordo.

No acordo, ficou estipulado que cada freguesia receberia ainda mais 100 mil euros, ao longo dos 10 anos da concessão, repartidos por tranches anuais de 10 mil euros.

A empresa comprometeu-se ainda a financiar, com 100 mil euros, a construção de um caminho de acesso à exploração, para desviar o trânsito de camiões de uma escola com cerca de 800 alunos.

“Até ao momento, apenas estão feitos uns 600 metros e a empresa deu menos de 20 mil euros. Sem dinheiro, não podemos continuar a obra, até porque é preciso comprar terrenos e tudo o mais. E os camiões continuam a passar junto à escola”, criticou José Faria.

A exploração de caulinos em Barcelos sempre foi muito contestada, tendo mesmo originado conflitos de que resultou a morte de um jovem de 20 anos em Barqueiros, em 1990.

A exploração em Milhazes e Vila Seca era há muito reivindicada pela Mibal, mas a Câmara anterior, liderada pelo PSD, avançou com um processo judicial para impedir o avanço dos trabalhos.

A empresa respondeu com outra ação judicial pela qual reivindicava o pagamento, pela Câmara, de uma indemnização de 11 milhões de euros.

Entretanto, o PS ganhou a Câmara e conseguiu um acordo entre todas as partes.

 
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