O presidente da Distrital de Braga do PSD, Paulo Cunha, afirmou hoje que o líder do partido, Rui Rio, “merece ser ele a decidir” o que fazer face à derrota eleitoral nas legislativas de domingo.
Em declarações à Lusa, Paulo Cunha acrescentou que, neste momento, “seria mal vindo qualquer tipo de pressão” sobre Rio, adiantando que só após a sua tomada de posição é que faz sentido o partido questionar-se sobre o melhor caminho a seguir.
“Rui Rio disse ontem [domingo], de uma forma muito sensata, que o espaço dele dentro do partido com a maioria absoluta do Partido Socialista é reduzido. Obviamente que ele quererá, e bem, ouvir o partido antes de tomar uma posição. Acho que o líder do PSD merece por tudo ser ele a decidir o que há de fazer neste processo”, afirmou.
Para Paulo Cunha, “há que reconhecer” que Rui Rio fez, nos últimos meses, uma “trajetória favorável” no partido, pacificando-o e levando para a campanha protagonistas como Luís Montenegro e Paulo Rangel, que foram seus adversários internos.
“O Rui Rio que tivemos nos últimos meses é diferente do que tivemos no passado. Mais magnânimo, mais abrangente, e, por isso, mais bem aceite pelo partido. É um quadro valioso, tem percurso, tem prestígio, deu vitórias autárquicas ao partido. Merece ser ele em primeira instância a decidir o que fazer e só depois disso é que faz sentido nos questionarmos se esse é o melhor caminho para o partido”, referiu o líder da distrital de Braga.
Na noite de domingo, Rui Rio abriu a porta à saída da liderança do PSD, cargo que ocupa desde janeiro de 2018, caso se viesse a confirmar a maioria absoluta do PS nestas eleições legislativas (o que aconteceu), considerando que dificilmente será útil nessa conjuntura, sem, contudo, verbalizar explicitamente a sua demissão nem adiantar que passos irá dar internamente.
“Particularmente se se confirmar que o PS tem uma maioria absoluta – tem, portanto, um horizonte de governação de quatro anos –, eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento”, declarou Rui Rio.
Paulo Cunha manifestou “frustração” pelos resultados e sublinhou a necessidade de uma “reflexão cuidada” sobre o que aconteceu.
“A direita subiu em termos de percentagens, de votos e mandatos, mas o PSD perdeu mandatos. É algo de novo. Normalmente, quando a direita cresce, o PSD também cresce. Isto merece uma reflexão cuidada. Será que o PSD foi à procura do centro e desguarneceu a direita?”, disse ainda.
Paulo Cunha adiantou que, antes de mais, o partido deve reunir em Conselho Nacional e ouvir o que Rio tem para dizer.
“Neste momento, seria mal vindo qualquer tipo de pressão. Estamos todos ainda muito abalados, vamos esperar com calma”, advogou.
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Com 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando estão ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.
O PSD ficou em segundo lugar, com 27,80% dos votos e 71 deputados, a que se somam mais cinco eleitos em coligações na Madeira e nos Açores, enquanto o Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado, e o Livre, com 1,28% também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer parlamentar.
A abstenção desceu para os 42,04% depois nas legislativas de 2019 ter alcançado os 51,4%.